sábado, 10 de dezembro de 2011

No olho da história paraense

No olho da história atual paraense
Quando resolvemos passar um fim de semana prolongado em Belém não nos ocorreu que justamente neste fim de semana haveria o histórico plebiscito para decidir se o Pará se subdivide ou não em três estados. Quando o descobrimos, não achamos ruim pois, afinal, estaríamos presenciando in loco este momento tão importante e decisivo para os paraenses.

Vê-se muita propaganda do ‘não é não’, ou seja, contra a divisão em três estados. Também no rádio escuta-se muitas vozes contrárias. Realmente estou curiosa para ver este desfecho, pois a impressão que dá aqui em Belém é que as pessoas não querem a divisão, mas isto pode ser realmente mera impressão. Os resultados é que o dirão.
9 de dezembro
Saímos cedo de casa rumo ao aeroporto. Fizemos o check in rapidamente, e nos dirigimos ao local de embarque sem demora. O vôo se atrasou quase uma hora, o que nos deixou bem preocupados, pois havia pouco tempo disponível entre um vôo e outro. Mas deu tudo certo. O primeiro piloto quase que recuperou o tempo perdido, e tínhamos quase meia hora para ir de um portão de embarque para o outro. Nos dois vôos , conseguimos um lugar na emergência, o que para as nossas pernas compridas é um alívio.

Lagoa Paranoá, em Brasília


Chegando em Belém

 Não há lanche nos dois vôos da Gol. Há um biscoitinho salgado, o pacote com 100 calorias, mas achei super gorduroso. E é claro, não resolve a fome. Assim que chegamos em Belém, pegamos nosso carro alugado e fomos diretamente à Estação das Docas. O caminho até lá é arejado e limpo, há muitas mangueiras e muito verde. Muito trânsito. Como há trânsito nesta cidade. Muitas ruas são estreitas, Belém cresceu muito nos últimos anos e a infra-estrutura não acompanhou. Há algumas largas avenidas, bem arborizadas, mas sempre lotadas de carros. É um trânsito sem fim, a qualquer hora do dia e até à noite.









Demoramos muito a chegar na Estação das Docas, o estômago já estava no chinelo... Mas que surpresa agradável. A Estação das Docas é toda envidraçada, há uma feira de artesanato, há uma espécie de shopping, há vários restaurantes, há uma cervejaria. Pode-se sentar dentro ou fora, à margem do Rio Guararás. É um lugar lindo, cheio de charme, parece uma pequena Puerto Madero (Buenos Aires). Almoçamos no ‘Lá em Casa’, uma comida deliciosa, o peixe filhote e a pescada amarela estavam simplesmente divinas.

 Uma tigela de açaí






Depois de aplacarmos a fome e curtirmos o lugar, decidimos procurar o hotel. Esta não foi uma tarefa fácil. Os mapas são pouco elucidativos, e o GPS não ajudou, porque a rua do hotel Tulip Inn (Rua Presidente Pernambuco) simplesmente não constava. Perguntar a transeuntes também se mostrou inócuo – falavam que havia somente uma avenida Presidente, a Vargas, e Presidente Pernambuco não existia. Bom, procuramos muito, e usando da nossa capacidade dedutiva (havia uma Travessa Ponte Pernambuco indicada no mapa), finalmente chegamos à dita cuja que era, de fato, a tal da Presidente Pernambuco. O hotel é clean, moderno, basicamente para homens de negócios.

Deixamos nossa bagagem, colocamos roupa mais arejada ( o calor aqui é sufocante – no verdadeiro sentido da palavra), pegamos o carro e começamos a rodar pela cidade. Passamos por várias igrejas, museus, muitas praças e, finalmente, chegamos à Casa das Onze Janelas e ao forte. Estacionamos o carro e fomos andar a pé. Este é um canto da cidade muito bonito, restaurado, e a luminosidade de final da tarde era especial. Andamos bastante, visitamos o museu do Presépio, por sinal muito bem montado (dentro do Forte), depois sentamos num restaurante chamado Palafitas e , com uma cerveja e água, apreciamos o pôr do sol.













Fomos ao Mangal das Garças, mas desistimos de jantar lá e retornamos à Estação das Docas. Jantamos na cervejaria. Eu comi um palmito selvagem de metro – divino, e Ronald jantou Filhote com casca de amêndoa – muito bom também.
Choveu, mas logo parou. Refrescou um pouco. Retornamos ao hotel e fomos dormir – estávamos exaustos. O clima aqui deixa a gente meio jururu, de tão quente e abafado que é.
10  de dezembro



Levantamos às 8 horas, tomamos café e decidimos ir à Ilha Mosqueiro. Levamos duas horas para fazer 16 km, pois uma enorme carreta tombou na estrada e ficamos num engarrafamento de literalmente 16 km de extensão. Haja paciência. Se não fosse o calor escaldante, nos sentiríamos em São Paulo. Depois de Benevides viramos à esquerda e, finalmente,pudemos desenvolver um pouco de velocidade, pois a estrada estava boa e com pouco trânsito. O caminho é rodeado por um pedaço de floresta amazônica. Para chegar à Ilha Mosqueiro, passa-se por uma ponte e aí as opções são várias.











Nós decidimos ir a Paraíso, onde almoçamos um nutritiva e saudável caldeirada de filhote. Depois do almoço, seguimos pela orla e circundamos, assim, um pedacinho da ilha. Há vários vilarejos, belas praias de água doce – chamam de mar de água doce.  É bucólico, é bonito, há construções antigas aprazíveis – gostamos muito. Depois, retornamos a Belém. No sentido contrário, o mesmo engarrafamento da manhã – ninguém merece. Nós avançamos sem problemas. Decidimos parar no Jardim Botânico da Amazônia para refrescar, mas que ilusão.



Apesar de ser uma floresta quase densa, o calor é sufocante e abafado. Passeamos pelas alamedas, o suor escorrendo sofregamente pelo rosto. Decidimos ir ao hotel, tomar um banho e descansar, antes de sair novamente. Jantamos no Mangals das Garças. A comida estava realmente maravilhosa. Chegamos à conclusão que os belenenses apreciam uma boa cozinha, pois até agora as refeições foram excelentes.


11 de dezembro
Pela manhã, tomamos café e zarpamos rumo a Icoaraci, que fica a uns 14km de Belém. Hoje é dia do plebiscito. Em Belém, somente poucas pessoas nas ruas, travessas e avenidas mas, à medida que vamos avançando em direção à periferia, ‘enxames’ de pessoas nas ruas, velhos, moços, homens, mulheres e crianças, todos se encaminhando para os locais de votação.

 Alguns carros com propaganda do ‘Não e não’. Pouco policiamento. Chegamos na orla de Icoaraci e decidimos pegar um barco para a ilha Cotijuba.

Apesar da moça do caixa informar que o barco sairia logo, ainda esperamos meia hora dentro dele até ele lotar. A travessia demora 40 minutos. As águas estavam relativamente calmas. 



Do outro lado, andamos +- 2 km até a Praia do Farol. A praia é bonita, a água com temperatura gostosa, mas o barulho ensurdecedor de cada uma das cabanas de praia tira todo e qualquer prazer. Se a música fosse pelo menos a mesma. Mas, com caixas de som super possantes, cada cabana apresentava um estilo de músico: axé, funk, forró, MPB, samba, rock – havia de tudo. Era realmente ensurdecedor. Fomos até a última cabana, pelo menos não haveria uma cabana com música à direita.

Ronald foi nadar, e eu me submeti à música, tentando abstrair. Almoçamos lá mesmo, filé de filhote, que como sempre estava muito bom. Retornamos ao ponto das embarcações, não dava mais prá ficar num lugar tão barulhento. Pegamos o barco das duas horas. Desta vez, com o vento, havia bastante ondas e o barco balançou muito.
Ainda demos uma volta até retornarmos ao hotel para descansar. Aqui, com este calor quente e abafado, já se cansa fazendo um programa por dia. 

12 de dezembro
Acordamos com a seguinte manchete:



66,08% optaram pelo 'não'. No meu entender, uma vitória expressiva. Depois do agito da noite anterior, com muita gente nas ruas e nas praças, com os olhos colados em TV's de bares e o ouvido em rádios, celulares, Iphones etc., a segunda amanheceu do jeito que amanhece todo dia, com gente correndo para o trabalho, para a escola, para as compras, e um trânsito infernal. Praticamente nada do que programamos para o dia deu certo. Primeiro fomos ao 'Ver-o-Peso. Conversamos com mtos comerciantes, ouvimos muitas explicações sobre frutas para nós desconhecidas, assim como sobre peixes. Perambulamos pela região, que é o que de mais antigo e característico tem em Belém. Decidimos então ir ao Mangal das Garças mais uma vez, para almoçar. Para nossa decepção, estava fechado. Decidimos conhecer o entorno mas, ao pedir uma indicação de caminho, o rapaz foi tão insistente que não fôssemos entrar pelas ruelas e vielas porque 'todos' os ladrões estavam soltos e perambulando pela região, desistimos do objetivo. Exageros a parte, fomos advertidos muitas vezes a respeito da violência nas ruas, o que fez com que circulássemos quase só de carro, o que realmente foi uma pena, porque uma cidade conhecesse andando a pé.
O que observamos é um grande investimento na orla , com avenidas largas e área de lazer, ainda em construção. Mas quande se sai deste ambiente, encontram-se casas caindo aos pedaços, pouca conservação e sujeira.
Resolvemos então ir à Estação das Docas mas, - doce ilusão! O trânsito estava tão infernal que demoramos muito, muito tempo para atravessar a cidade. Constatamos que teríamos que ficar sem um delicioso almoço e seguir diretamente para o aeroporto. Decisão mais do que acertada, pois foi o tempo de fazer check -in, que foi mto demorado, engolir um sanduíche e ir para o portão de embarque. A viagem foi tranquila, a chegada em Brasília também. O mesmo ocorreu no retorno de Brasília a São Paulo. O estômago estava no chinelo, pois na Gol só servem um salgadinho pingando de gordura , suco ou refrigerante e nadica mais. Foi um alívio pousar em São Paulo e saber que rapidamente estaríamos em casa para fazer uma refeição decente. 
A viagem, entretanto, valeu. Vimos muito, tivemos muitas novas impressões, gostamos muito de Belém e da região, o povo é simpático e ajuda com informações onde pode. Pena haver tanto trânsito e tão pouco cuidado com a periferia.  Os rios Guarará e Guamã são imponentes na sua largura e volume de água, as muitas ilhas são bonitas, há belas praias de água doce que valem a pena ser visitadas. Enfim, valeu!






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