domingo, 18 de setembro de 2011

E não é que para finalizar a viagem deu até terremoto?

Apesar de ter encerrado o relato de viagem ontem, não posso deixar de registrar o fato de termos presenciado um terremoto uma hora antes de irmos para o aeroporto. Já tínhamos fechado as malas, eu já estava no corredor (5. andar), quando tive a impressão que o vizinho de quarto estava com dificuldades de abrir a porta. Pensei: ' ou tá bêbado ou nunca abriu uma porta com cartão eletrônico...' Voltei pro quarto prá perguntar ao Ronald o que fazer com este vizinho 'tonto' quando vi que tudo estava balançando... ué, pensei,' minha labirintite resolveu atacar justo agora? Nunca foi tão intensa assim...' Olhei pro Ronald, já ia comentar que não sabia como encarar uma viagem tão longa com labirintite atacada (quem mandou tomar café e chá que são proibidos, não é?) quando ele disse: ' este terremoto tá intenso (ele sabe das coisas, esteve no epicentro do terremoto em Los Angeles, em 1994). Arregalei os olhos: 'terremoto'??????? Cruzes, vamos descer antes de tudo desabar por aqui.' Neste instante, apareceu um funcionário com os olhos arregalados e mandou a gente descer a escada, num breu total, pois a energia havia acabado (felizmente voltou logo). De mala e cuia descemos cinco lances de escada, e no saguão estava todo mundo nervoso, correndo, o gerente do hotel com olho esbugalhado... Ronald foi falar com ele, acalmá-lo como quem sabe das coisas, rsrsrsrs, o prédio foi todo evacuado, e só permitiram que voltássemos ao interior do hotel depois de checados todos os itens de segurança. Enquanto isto, ficamos de papo do lado de fora, aos poucos todos foram se acalmando. Mais tarde soubemos que o epicentro foi em Sikkin, na Índia, 6,8 pontos na Escala Richter. Provavelmente em Kathmandu foi algo em torno de 4,5 .
Conseguimos até jantar no hotel, e o guia nos buscou pontualmente para nos levar ao aeroporto. aí, começou a maratona: controle de documentos logo na entrada, 10 m depois mais um controle de documentos, depois RX, depois controle de documentos novamente, mais uma vez RX, passagem pela polícia federal, RX de novo, aí tivemos que entrar em duas filas, uma para homens, e outra para mulheres, e foi uma apalpação geral. Além disso, vistoria da bagagem de mão. Abriram literalmente tudo. Depois, mais uma vez controle de documentos, carimbo, e pudemos ir para o nosso gate. Mas não pensem que acabou. Prá entrar na sala de espera, novo controle de documentos e, na hora do embarque, inacreditável!, mais uma fase de apalpação. E que apalpação! Um abuso total!
Finalmente embarcamos, não sem antes mostrar novamente nosso passboarding na hora de sair do ônibus, sob chuva torrencial.
Pelo visto, o terremoto não abalou o espírito autoritário das autoridades nepalesas...
Sentamos nos nossos lugares, e o comandante avisa que teremos que esperar 15 minutos pois ainda faltavam passageiros. Bom, pensei, ''com este terremoto é compreensível, o trânsito comumente caótico estava mais caótico ainda..."  Qual nada, era uma figurona local, provavelmente política, pois veio acompanhada de vários assessores, inclusive uma pessoa do exército que bateu continência prá cá, prá lá, a figura deve ser importante. A equipe de bordo também tirou fotos dela e com ela...
Enfim, embarcamos. O vôo foi super tranquilo, e agora estamos num 'chá de cadeira' esperando a conexão para São Paulo. Como se diz em alemão "Ende gut alles gut" - final bom tudo bom (tradução fajuta).


Maratona de retorno a São Paulo

Levantamos antes das seis da manhã, pagamos nossas contas (Ronald ainda teve que dar um jeito na minha mala, pois soltou o parafuso da alça), tomamos café e seguimos em direção ao aeroporto. Ainda estava escuro, mas já havia muita, muita gente com seus cilindros de oração e colares de contas pelas ruas, rezando em um único ritmo, jogando-se no chão, falando mais algumas palavras, levantando e continuando em frente, sempre rezando...
Em 45 minutos estávamos no aeroporto e, para nossa surpresa, este ainda estava fechado. Tivemos que esperar do lado de fora, estava frio, até que uma bondosa alma resolvesse abrir a porta para a gente. Esperamos mais de duas horas até que, finalmente, abriram o guichê.
A primeira coisa que fizeram foi verificar se havia explosivos na gente ou na bagagem. Depois, passamos pelo primeiro controle, primeiro RX, seguimos para a polícia federal que controlou nossos documentos, mais uma vez RX, e somente então fomos ao balcão para reservar nossos lugares. Infelizmente não nos atenderam, e nos deram lugares super apertados. Para o Ronald, sem chance. Não cabia no banco. Liberaram, então, um assento na primeira fileira.
Mais uma vez, passamos perto do Mount Everest.

A viagem durou 1hora e15 minutos. Novamente, desembarcamos em nossa já querida e conhecida Kathmandu, agitada, poluída e barulhenta como sempre.




Seguimos para o hotel, para um day use, pois embarcaremos à noite, inicialmente, para Doha/Qatar (5 horas de viagem), teremos uma espera de 6 horas e então, finalmente, embarcaremos no avião que seguirá para São Paulo (15 horas de vôo).
Assim, nossa viagem chega ao fim e, neste momento, também concluo os posts desta viagem.
Foi uma bela, intensa e emocionante viagem, que certamente ficará na nossa memória para sempre.
Agradeço a todos os leitores do meu blog (não acreditei, ultrapassou os 1000 acessos - obrigada! isto me anima a escrever sempre quando viajar...).
E, para terminar, um último olhar para o Mount Everest:

Visita a dois magníficos monastérios. Último dia em Lhasa.


17 de setembro
É inacreditável, mas estamos até sentindo calor no Tibet, e hoje até usamos o ar condicionado. Nunca na vida imaginei que fôssemos andar de sandália o dia inteiro, inclusive à noite, porque não é tanto assim que cai a temperatura.
O que também chama muita atenção em Lhasa é a quantidade de exército nas ruas. Em praticamente cada esquina ou cada rua há uma dupla, ou então estão marchando em grupos de 7 pelas ruas. Também há muito controle eletrônico, através de câmeras instaladas.
O que também descobrimos é que, atrás dos prédios de três andares todos restaurados, ao longo das largas avenidas que atravessam a cidade, há um cortiço ao lado do outro, ou seja, os prédios foram restaurados em suas fachadas, mas atrás ficou tudo igual.
Felizmente trocaram o nosso guia, e hoje tivemos aproveitamento máximo nas três visitas realizadas.
Inicialmente, fomos ao Monastério de Drepung. Este monastério fica um pouco fora da cidade, e é imenso e bem conservado. Construído em 1416, Drepung foi a moradia de três Dalai Lamas – até que o quinto mandou construir o Potala. Esse importante centro de poder espiritual e político tornou-se uma pequena cidade amuralhada. Em 1950, antes da invasão chinesa, mais de dez mil monges viviam aqui. Hoje, os 600 residentes (o número é limitado pelo governo) ainda vivem em habitações construídas há mais de três ou quatro séculos. Desde o topo de seus prédios, a vista de Drepung é ampla. As edificações – residências, templos ou colégios – foram erguidas de forma contígua, uma ao lado da outra, com apenas uma ruela separando.



Havia muitos peregrinos e também turistas neste monastério. Passamos por muitas salas, muitos templos e, para variar, subimos incontáveis escadas. No final já não estava aguentando mais. Meu joelho e perna direita reclamando direto.





Há estátuas dos diferentes Budas e também de alguns reis imensos. Há muitas e muitas estátuas pequenas guardadas atrás de vidros em armários, assim como também muitíssimos livros sagrados antigos. Em praticamente todas as salas queima-se insenso, o que provoca um certo torpor nas pessoas. Há muitos odores - doces, azedos, de mofo, de poeira, de coisas antigas...


Sempre me impressionada de novo a fé destas pessoas. Elas batem a cabeça inúmeras vezes em paredes, em algumas até colocaram plástico, pois a pintura acaba prejudicada. Muitos idosos procuram o monastério, tem dificuldades imensas de subir as escadas, que são estreitas e muito altas, mas mesmo assim não esmorecem. Fazem todo o percurso.
Para o horário de almoço (o nosso é a base de yogurte – só tomamos café e jantamos) retornamos ao hotel, e à tarde fomos ao Monastério Sera. Esta visita foi mais rápida, pois grande parte dele está em reconstrução. É o maior monastério do Tibet, e durante a Dinastia Ming viveram lá 10 mil monges.

                                                      Mandala feita toda ela de areia

Vimos meninos cantando em cima de um telhado, e vimos monges sentados num jardim fazendo seus exercícios de perguntas e respostas.
Como última atividade do dia fomos  a um bairro que é basicamente frequentado por locais e onde se vende de tudo, em pequenas vendinhas ou na rua mesmo.


                                          típico restaurante para os habitantes de Lhasa
Andamos por muitas ruelas e vielas, atravessamos o bairro inteiro, e seguimos a pé até o hotel, o que foi um longo e cansativo trecho. No percurso passamos pelo bairro muçulmano com sua mesquita – há muitos tibetanos muçulmanos, surpreendentemente.
No hotel, arrumamos, pela última vez nesta viagem, nossas malas, jantamos e fomos dormir pois, a partir do próximo dia, teremos uma longa maratona de retorno pela frente.

Lhasa, onde luminosidade e fervor se confundem...

16 de setembro
Lhasa
O dia amanheceu lindo. Nenhuma nuvem no céu, temperatura por volta dos 20 graus, uma luminosidade estonteante, o dia prometia...
Fomos recebidos por um outro guia, e logo constatamos que ele não sabia falar muito bem inglês e não sabia absolutamente nada a respeito dos lugares que iríamos visitar no dia. Ainda bem que fiz pesquisa antes, senão o dia teria sido perdido...
A primeira visita do dia foi Norbulingka. Este é considerado o palácio de verão e tem o formato de um retângulo vermelho e juntamente com Potala faz parte do Patrimônio da Humanidade da UNESCO.



Norbulingka, 'Treasure Park' significado em tibetano, está situado no subúrbio de Lhasa City, na margem do rio Kyichu. O jardim é lindo, e boa parte dele bem cuidado. Há incontáveis flores.É o maior jardim na Região Autônoma do Tibet.

 A construção começou na década de 1740.  Mais tarde, foi usado como o Palácio de Verão de Lamas sucessivos, onde se resolviam os problemas políticos e realizavam celebrações festivas.  Após uma série de expansões e renovações, a aparência foi melhorada com potrangs, pavilhões, jardins e bosques.  Agora foi transformado em um parque aberto ao público.
Norbulingka consiste em palácios diversos.



Kelsang Potrang, nomeado após o sétimo Dalai Lama, é um palácio de três andares com salas para adorar Buda, quartos, salas de leitura e santuários.  É uma pena que é proibido fotografar por dentro. Assim se teria uma idéia melhor de como são constituídos os palácios. Todos eles tem pinturas muito coloridas por praticamente todas as paredes, sempre tem imagens de Buda e outras imagens espalhadas. Há afrescos. Há muitos panos, que já estão bastante desgastados por conta do tempo em que estão pendurados.
Tsokyil Potrang, quando o oitavo Dalai Lama estava no poder, é considerado o mais atraente em Norbulingka.
Khamsum Zilnon é outro palácio construído neste período, e havia possibilidade de apreciar óperas, numa época na qual os  Dalai Lamas tibetanos gostavam de ópera.




Norbulingka tanto reflete a étnica quanto as características religiosas do povo tibetano e incorpora o estilo de arquitetura interior da China.  É de grande valor cultural e foi classificado pela UNESCO como Patrimônio Mundial Cultural em 2001, como uma extensão do Palácio de Potala.

Ainda no período da manhã, fomos visitar o magnífico Palácio Potala. Foi necessário marcar hora, pois há milhares de peregrinos, assim como muitos turistas que visitam o palácio. Nós entramos no palácio às 11h14 min. Para ter acesso a ele, é preciso primeiro vencer incontáveis lances de escada. A subida é íngreme, e é preciso ter fôlego. Não sei nem como conseguir vencer estes degraus todos, a uma altitude de 3700m. Haja fôlego e condicionamento físico...

Palácio Potala
Potala é uma fortaleza que fica em uma pequena elevação bem no centro da cidade; é o maior conjunto arquitetônico acima da altura do mar no mundo todo. O palácio foi todo construído em granito e tem cerca de mil salas e pavilhões ricos em detalhes e decoração.
O realmente impressionante Palácio Potala situa-se na Montanha Hongshan, na cidade de Lhasa. Lhasa é a capital do Tibet, que é considerado o país mais religioso do mundo. Realmente impressiona a quantidade de peregrinos, assim como habitantes de Lhasa mesmo que passam horas e horas rezando, tendo em suas mãos ou o cilindro de oração, ou um longo colar de contas.




Localizado no topo da Montanha Vermelha, ocupa uma área de 410.000 metros quadrados e tem uma superfície edificada de 130.000 metros quadrados, com 13 andares construídos com cobre fundido, para protegê-lo dos terremotos, tem aproximadamente 117 metros de altura e suas paredes foram erigidas com placas de granito, sua parte mais fina tem a espessura de cinco metros. Trata-se da quinta essência da antiga arquitetura tibetana.



Com seus telhados cintilantes, é considerado o pináculo do trabalho e da sabedoria tibetana. É um prodígio na história da arquitetura oriental e o orgulho das terras nevadas. É o símbolo da antiga cidade de Lhasa e também uma visão incomparável do Tibet.
O Potala possui dois palácios: o Palácio Vermelho (parte central) e o Palácio Branco. O Palácio Vermelho hospeda as câmaras e nichos de Buda, para o repouso dos restos das diversas gerações do Dalai Lama. São milhares de imagens.
O Palácio Branco, construído inteiramente de placas de granito, é onde as várias gerações dos Dalai Lamas vivem e manejam o governo e os assuntos budistas. Sua ala oeste contém dormitórios para os monges. A parte oriental, servia como sala de estudo e dormitório do Dalai Lama.

As galerias de cada andar do Palácio Vermelho contêm muitos afrescos.
O Palácio Potala conserva muitas peças de ferro, cobre, ouro e prata, entre elas armas e couraças do Reino de Tubo. Mas também há utensílios litúrgicos, peles e couro, têxteis e papel, assim como livros de ouro, selos, peças de porcelana, esmeraldas e recipientes de jade esculpidos que os imperadores do governo nacional deram de presente ao Dalai Lama.
Em Potala, os livros sagrados budistas eram impressos manualmente, e ainda estão guardadas as escrituras budistas como o Tanjur, com 227 volumes, e o Kanjur, com 108 volumes. Os textos apócrifos relatam a possibilidade de Jesus ter estudado no Tibet; é comum ouvir sobre essa história na velha cidade. O Tibet pode estar longe do mundo, mas é o único lugar do planeta onde os homens procuram desvendar os enigmas da alma humana.
Em 1961, o Palácio Potala se incluiu entre as relíquias sob proteção. O palácio foi restaurado em 1989 com recursos atribuídos pelo Governo Central. Foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1994.
"Quando os seres humanos se desentendem, mostram que esqueceram suas semelhanças fundamentais para supervalorizar razões secundárias. Por razões secundárias um homem destrói outro homem e destrói o planeta que o abriga. As crises, a violência, as queixas sobre o declínio da moralidade que nos assolam, mostram que o enorme desenvolvimento externo — sem dúvida útil e necessário — não corresponde a um mesmo nível de desenvolvimento interno da humanidade. Esse cultivar-se internamente é que garantirá nosso direito à felicidade e até à sobrevivência. Porque, por mais mortíferas que sejam as armas produzidas pelo medo e pelo ódio, é necessária a mão de um homem para detonar o gatilho."
TENZIN GYATSO - XIV Dalai Lama
A esta altura do campeonato já estava muito quente. É impressionante como o sol de altitude queima. Descemos novamente os incontáveis degraus e retornamos ao hotel, para descansar um pouco.



À tarde, estava no programa a visita ao Barkhor, que na realidade já tínhamos visitado no dia anterior, por conta própria, assim como o templo Jokhang, que fica dentro deste bairro.
O Barkhor é provavelmente a melhor parte de Lhasa e um dos lugares mais interessantes para ver no Tibet. O Barkhor é uma kora- peregrinação ao redor do templo mais sagrado do Tibete, o Jokhang.  O circuito principal do Barkhor é de cerca de um quilômetro de comprimento, mas existem muitas pequenas ruelas que saem da rota principal.  Todos os dias vêem-se milhares de peregrinos tibetanos andando pela Barkhor no sentido horário.  Com facas, cilindros de oração, estátuas budistas, jóias de jade e as últimas músicas da Índia, há algo para todos. Juntamente com inúmeras lojas, também há muitos restaurantes.Nós não tivemos coragem de comer em um dos restaurantes, porque a aparência não é muito aprazível, e não queríamos correr o risco de uma infecção. Dizem, entretanto, que estes restaurantes  servem comida tibetana autêntica.

O Barkhor está situado no coração do distrito tibetano de Lhasa. Estar em torno de todos os peregrinos na Barkhor é uma experiência única.  Vendo o giro dos cilindros de oração e ouvir o cantar dos constantes orações tibetano dá ao Barkhor as características que fizeram dele um dos lugares mais famosos no Tibet.


Entramos no templo Jokhang, subimos todos os andares até o telhado, de onde se tem uma ótima vista.
Depois desta visita, voltamos ao hotel. Estamos literalmente exaustos. Andamos muito, vimos muito, colhemos muitas impressões, e haja olfato, olhar, audição e tato para tudo isto.


Enfim, Tibet...


15 de setembro
Enfim, Tibet...
Saímos muito cedo do hotel com o intuito de conseguir um lugar na emergência ou na primeira fileira do avião. Quando chegamos ao aeroporto e depois de passarmos pelo primeiro controle logo na entrada, qual não foi nossa surpresa ao nos deparar com uma grande fila, todos com o mesmo destino: Lhasa, no Tibet. Não teve outro jeito se não entrar na fila. Qdo chegou nossa vez, estes lugares não estavam mais disponíveis, mas pelo menos conseguimos um lugar na janela e do lado esquerdo, para que pudéssemos ver o Mount Everest.
Depois tivemos mais uma vez uma verdadeira corrida de obstáculos em forma de controle: ora era para passar a bagagem de mão pelo RX, ora era para colocar um carimbo no nosso boarding pass, ora era para revistar a bagagem (que já tinha passado, a esta altura, por três RX), ora era para ‘apalpação corporal’. As filas eram sempre uma para os homens, outra para as mulheres. Finalmente conseguimos chegar à sala de embarque, abarrotada de gente. Depois de esperar por mais de uma hora, chegou nossa vez de embarcar. Homens de um lado, mulheres do outro. Chegamos no gate 2, e havia duas chancelas, homens de um lado, mulheres de outro. Mais uma vez controle de visto de saída. Saímos para fora, e tivemos que nos enfileirar em 4 filas, na frente do avião. Ronald ficou numa fila, eu na outra. Só faltou eles darem o comando de marchar, rsrsrsrs. Aí fizeram controle de explosivos. Nunca tinha visto isto. Só então pudemos entrar no avião.
Assim que todos embarcaram, percebi que havia mais um lugar na janela, dois assentos à frente. Mais do que depressa fui para lá, assim Ronald e eu tivemos oportunidade de ter vista para fora.
O avião decolou e, não muito tempo depois, avistamos a ponta do Mount Everest.
                                                                   Mount Everest
Que emoção! Tão linda, aquela ponta branca despontando entre todas as nuvens... Todos quiseram ver a montanha, e o avião inclinou perigosamente para o lado, rsrsrsrsrs. Duas asiáticas vieram sentar do meu lado, e aí a briga pela janela foi grande. Ora era uma, ora outra que queria fotografar, e passavam praticamente por cima de mim (que não posso afirmar que são pequena e magra, rsrsrs) para fotografar. Mas, enfim, tudo deu certo, e nos entendemos bem.
O vôo levou uma hora, e à medida que nos aproximávamos de Lhasa, as nuvens ficaram mais escassas e pudemos ver os topos de inúmeras montanhas da cordilheira do Himalaia. Realmente uma vista muito linda.


O avião posou no horário previsto, agora estamos a 11 horas fuso horário do Brasil.
O aeroporto, moderníssimo e limpíssimo. Mais uma vez, passamos por três controles, e Ronald e eu não  pudemos ficar juntos. Era um após o outro, rigorosamente.
Saímos de forma relativamente rápida, e uma sra. já nos aguardava dizendo ser nossa guia. Fomos até o carro, e entramos numa fila imensa para sair do aeroporto. Quando estávamos já quase na saída, a nossa guia aborda Ronald por sir Robert. Estranhamos, olhamos os papéis dela e descobrimos que estávamos com a guia errada. Tínhamos que voltar para o aeroporto, só que fazer uma manobra para voltar era impossível. Portanto tivemos que atravessar o pedágio e fazer o retorno. No saguão do aeroporto esperava um casal e um guia, justamente os que haviam sido trocados. Troca desfeita, voltamos ao estacionamento. A fila de carros havia diminuído, e rapidamente pegamos uma super hiper highway em direção à Lhasa. Que estrada! Moderna, segura, limpa, sem nenhum buraco sequer...



Quando chegamos em Lhasa, tivemos uma espécie de ‘choque cultural’. Nós, que havíamos esperado uma Tibet no estilo do Bhutan, nos deparamos com largas avenidas, prédios modernos, uma limpeza total, tudo muito muito diferente de Kathmandu. Como hoje é feriado, também não há muitos carros nas avenidas e nem muitas pessoas circulando. Aparentemente as lojas estão abertas.
Como estamos a 3700m de altitude, sentimos um pouco de falta de ar e resolvemos descansar antes de sairmos para conhecer um pouco do local. Aqui somente escurece às 20 horas.
Saímos e fomos até uma das avenidas principais. Como não havia semáforo, tentamos atravessar a avenida junto com outras pessoas. Foi um sufoco! Os carros vem correndo, não fazem menção de reduzir a velocidade, e a gente atravessa faixa por faixa, na medida em que encontra uma brecha.
Seguimos até a Barkhor Street, que fica no centro da cidade e possui uma forma surpreendente com lojas, supermercados e restaurantes todos dispostos de forma circular. As lojas desta rua trazem – adivinhem – produtos chineses, rsrsrs, ou seja, nem pensar em comprar alguma coisa, pq é praticamente tudo de qualidade ruim. Parece uma 25 de março ampliada...








Cores e aromas compõem o cenário. Tudo muito colorido sim, quase exuberante. Cheiros diversos. Mas há um cheiro que predomina, que é o de manteiga rançosa. Demoramos para descobrir que são as pessoas que exalam este cheiro, provavelmente porque lavam sua roupa só de vez em quando.
As pessoas são super simpáticas. Praticamente todas sorriem para vc, e as crianças sempre perguntam;’How are you?’. Em função da nossa altura, fizemos muito sucesso.... principalmente as mulheres não se continham e davam risada, principalmente quando viam o Ronald... e a gente ria também, e assim se estabelecia uma comunicação e um entendimento não verbal rapidamente. As roupas que homens e mulheres usam são mais em tons azul marinho e marrom. Não há aquela exuberância indiana, nepalesa ou bhutanesa. As mulheres tem traços bonitos, só que muito maltratadas pelo tempo. Muitas, muitas rugas, rostos esticados parecendo couro curtido, isto em função da secura total nesta região.
Hoje fez calor, nem à noite foi necessário colocar casaco. Não sei porque trouxe tanta roupa de inverno, caramba. Antes tivesse deixado espaço para poder adquirir uma ou outra coisa. Como somente podemos transportar 20 quilos, vim e volto com 20 quilos.
Nós nos pautamos na internet, que dava como temperatura entre 7 e 15 graus. Tudo balela. Acho que hoje fez 29, e agora talvez estejamos com uns 20 graus. O clima é muito seco. No máximo 30% de umidade. Isto aliado á dificuldade em respirar... não vai ser muito fácil fazer todas as visitas a templos e monastérios. Amanhã é um outro dia, veremos...
A luminosidade aqui é estonteante. Linda demais! Vê-se tudo com muita clareza. Certamente as fotos também ficarão bem bonitas.
Lhasa é a capital da província do Tibet, que faz parte da China. É uma das cidades mais altas do mundo e está localizada em um vale entre as montanhas do Himalaia. Uma paisagem inesquecível.
Lhasa é certamente diferente de tudo que já vimos: ela mistura um ar de centro turístico com cidade pacata.  Na realidade, atrás das fachadas dos edifícios e casas de uma das grandes avenidas descobre-se a Lhasa antiga, pacata, com vielas, becos e a vida chinesa palpitando.