sábado, 10 de setembro de 2011

10 de setembro
De Paro a Phunakha – travessia pelo Himalaia
Saímos antes das 9 da manhã. O tempo prometia permanecer coberto, com aberturas de sol. Rapidamente pegamos a estrada que leva a Thimphu, a única highway do país. Paisagem deslumbrante, muitas curvas, razoável tráfego.

Próximo de Thimphu, pegamos outra estrada, a que nos levaria a Phunakha. Lentamente fomos subindo as montanhas, andamos praticamente o tempo todo por um desfiladeiro, de vez em quando abria-se para um estreito vale, até chegar ao ponto mais alto deste nosso trajeto, a 3400 m de altitude. Descemos e visitamos uma stuppa composta por muitas stuppas em homenagem à rainha-mãe. Depois, fomos a uma cafeteria onde tomamos chá de jasmim. Infelizmente o tempo encobriu, não deu prá ver as altas montanhas do Himalaia. Mesmo assim, a paisagem é deslumbrante. Estranhamente há muita vegetação, mesmo a esta altitude. Muitas árvores pinus e outros arbustos. Um verde exuberante. Iniciamos a descida para Phunakha. Antes de chegarmos a este vilarejo, o guia pediu ao motorista para parar o carro e descemos para o almoço. Na realidade não queríamos almoçar, mas o guia insistiu tanto que decidimos comer uns rolinhos de verdura. Além desses, ainda nos trouxeram uma outra coisa que não deu prá identificar. Ambos excessivamente gordurosos, mas saborosos. Prá não fazer feio, comemos tudo.
Depois disso, o guia nos convidou para passar, a pé, por vários vilarejos e arrozais para subir um morro e visitar o templo da fertilidade. É um templo muito visitado por jovens casais com ou sem filhos. Vem a este templo pedir por fertilidade e um bom casamento. No Bhutan é super importante ter filhos, uma vez que são estes que sustentarão os pais quando velhos. Não há previdência social. A herança passa para a filha. O filho não recebe nada. Os pais de um filho escolhem a noiva, e o dote tem um papel importante nestas escolhas. Todos vivem juntos – pais, avós, às vezes tios, filhos. Por isto, as casas são quase todas grandes.
Andamos pelos vilarejos, e foi muito interessante o quão primitivamente as pessoas moram. A pobreza é grande, e muitas casas estão caindo aos pedaços porque não há dinheiro para cuidar da manutenção. As pessoas vivem e se alimentam de arroz. Quase não comem carne, comem verduras e temperam a comida com curry. Andamos por um arrozal, e tivemos que tomar cuidado para não cair na água, pois somente há uma pequena trilha, e de ambos os lados há  canais de água para abastecer os arrozais. Existe arroz vermelho e arroz branco.


Subimos um morro até o templo. Ao redor do templo haviam muitas pessoas, mas ninguém falava. É que estas pessoas estavam em jejum completo e sem falar o dia inteiro. Os budistas do Bhutan escolhem um dia no ano para um jejum completo e ficar sem falar um dia inteiro. O silêncio era total. Dentro do templo havia um grupo de meninos decorando as escrituras sagradas, em conjunto. Parece um mantra.  Para entrar no templo, precisamos tirar os sapatos. O templo é muito colorido, e há uma estátua do buda no centro dela. Não é muito limpo. O nosso guia é muito fervoroso, ajoelhou-se várias vezes, rezou na frente do buda, doou dinheiro. Nós só ficamos observando.  Em seguida, retornamos ao vilarejo que fica ao lado da estrada. Foi um caminho longo. Seguimos para Phutakha. Passamos pela pequena cidade e seguimos mais uns 5 quilômetros até chegar a um dzong magnífico. Realmente muito bonito. Descemos próximo da entrada do dzong e, depois de muitas fotos, entramos. A escada era extremamente íngreme.


 Aliás, o que eu estou subindo e descendo escadas não está escrito... A parte interior do dzong é bem parecido com o que vimos antes, só que maior e talvez mais ricamente decorado. Várias pessoas estão fazendo restauração das pinturas do dzong. Atravessamos o dzong até depararmos com um templo ricamente decorado. Novamente tiramos os sapatos e entramos. Fiquei extasiada. Dentro do templo havia três estátuas imensas, folhadas a ouro (as pilastras também são todas folhadas a ouro) dos três budas. Há uma trindade de budas que a gente encontra em tudo que é lugar. Tem o buda principal, e é a maior estátua, tem um buda com um bigode todo retorcido à esquerda e tem um buda com uma longa barba à direita.  Os budas são simplesmente impressionantes, e o templo todo é fantástico. Nunca vi coisa igual. As pinturas magníficas, o trabalho nas pilastras folhadas a ouro espectacular, e os próprios budas são realmente imponentes. Infelizmente é proibido tirar foto em qualquer interior de templo.
Já era final de tarde. Mesmo assim fomos até uma ponte pencil de mais de 200m e a atravessamos a pé. Tivemos que andar um bocado até chegar a ela, mas valeu a pena. Um belo final de tarde. Curiosamente não senti medo, apesar do balanço e da altura.

Seguimos então para o nosso hotel. É um hotel simples, mas com uma vista muito linda. Somos os únicos hóspedes.
Não há wifi no quarto, por isso teremos que ficar na sala de estar para poder postar este post e ler nossos e-mails.
Este foi um belo dia. Sem dúvida nenhuma cansativo, pois andamos

Um comentário:

  1. Que intrressante Beate, acabei de conhecer uma nova forma de jejuar... E a vc desejo forca para continuar subindo e descendo, posso imaginar o tamanho do esforço físico! Bjs

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