quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Uma corrida de obstáculos com um final feliz...

8 de setembro
Corrida de obstáculos com final feliz
Quando acordamos hoje de manhã nada indicava que teríamos um dia cheio de obstáculos pela frente. Depois de um mais do que tranquilo café da manhã voltamos ao quarto e arrumamos, vagarosamente, nossas coisas. Afinal, era somente às 12 horas que teríamos que estar no saguão à espera do nosso guia, uma vez que a viagem para Butão estava marcada para às 15 horas.
De repente, toca o telefone. O guia na linha. Pede para descermos imediatamente, pois o avião partiria às 13 horas. Foi um corre corre danado. Fecha as malas, pega os documentos, desce de elevador, tudo correndo. Pagamos a conta do hotel voando. Fomos para o carro voando. Colocamos nossas bagagens no bagageiro voando. O motorista sai voando, mas logo logo teve que reduzir a marcha pois, afinal, estávamos em Kathmandu e o congestionamento é durante o dia inteiro. Suávamos às bicas. Será que ia dar tempo. O  guia nos informou que as viagens para Buitão eram assim. Ora o avião saía adiantado, ora atrasado, e aí era um deus que nos acuda. O nosso motorista fez o que pode. Ultrapassou á direita, ultrapassou à esquerda, andou na faixa ao contrário, quase atropelou um transeunte, tudo para nos levar no tempo menor possível para o aeroporto. Conseguimos chegar ao aeroporto em 15 minutos. Não sei como isto foi possível...
Apresentamos nossos documentos logo na entrada. Detalhe: os funcionários nepaleses não tem nenhuma pressa. O tempo lá é outro... Passamos pelo segundo controle, colocamos nossas malas na esteira, depois nossas mochilas em outra esteira. Na segunda esteira, as mulheres tinham que ir para um lado, os homens para outro. Andamos mais um pouco, mais um controle. Agora manual. Aqui também, mulheres para um lado, homens para o outro. Tiraram tudo da mochila. Perguntaram ‘n’ vezes se tinha objetos cortantes, bebidas, drogas, etc. controle corporal: apalpação geral. Carimbo no nosso boarding pass, a esta altura já tínhamos três carimbos ... Continuamos andando, aí veio o controle do boarding pass. Depois, tentar descobrir em qual ‘gate’ ficaríamos, uma vez que isto não constava do boarding pass. Chegamos na hora, mas nada de embarque. Sentamos. Perguntamos uma funcionária quando partiria o vôo, ela não soube dizer. Depois de 15 minutos, perguntamos de novo. Necas pitiriba. Ela chamou outro funcionário. Este respondeu que talvez partíssemos em 5 minutos. Talvez 5 minutos longos, talvez 5 minutos curtos. O negócio era acalmar, afinal já tínhamos toda a documentação devidamente carimbada nas mãos, já havíamos preenchido os formulários necessários, agora era só esperar...
Mais uns 10 minutinhos, e embarcamos. Que alívio. A viagem era de 1 hora. Tranquilo. Prá quem tinha viajado 28 horas de SP para Doha, não chegava nem a ser um aperitivo. Nem nos incomodamos com o espaço apertadinho, apertadinho. Decolamos. Sobrevoamos Kathmandu, e depois seguimos rumo às montanhas.


Sobrevoamos as montanhas, mas com exceção de uma montanha enorme, cujo pico aparecia entre as nuvens, não víamos nada. De repente, o avião abaixa, e começamos a voar num desfiladeiro. Que emoção! Nunca tinha voado assim, entre montanhas. A paisagem linda!





Muitas montanhas, desfiladeiros, rios lá embaixo, araucárias, ciprestes ao longo das montanhas. Me sentia num filme. As nuvens, acima de nós negras, pesadas, como que quisessem se desfazer deste seu peso. Já avistava a pista de pouso quando avistei uma nuvem enorme, negra, despejando a chuva sobre Paro. De repente, nuvens por todos os lados. O avião embica para cima, e começa novamente a voar sobre as nuvens. O comandante nos avisa que é impossível pousar, que teremos que aguardar o final da tempestade. Sobrevoamos as nuvens em círculo, por algum tempo. Depois, o avião toma curso, e eu pensei que iríamos retornar a Paro e pousar. Voamos por um bom tempo, estranho tempo que levamos para pousar, e de repente a parede de nuvens desanuvia, aparecem campos, e nadica de nada de montanhas.

 Acho estranho, mas estou tão feliz de não estar mais envolta por nuvens que não penso mais nada. Sobrevoamos campos, aparecem edifícios (edifícios?!?) , avisto uma pista e pousamos. Pousamos num lugar chamado  Bajdogra.  Ué, pelo que eu tinha lido na internet, Bhutan tem somente um aeroporto em Paro. E agora pousamos em outro??????????? Ronald olha no mapa... estamos na ÍNDIA. Ìndia????????????????? O comandante nos informa que, devido às más condições meteorológicas pousamos na Índia. Assim que o tempo melhorar, retornaremos a Bhutan. Então tá....
Ficamos por mto tempo no avião. As aeromoças se esmeraram em nos atender. Serviram mais um lanchinho, mais suco, ofereceram snacks. É um vai e vem de pessoas da terra que vem para o avião, o comandante que vai para o prédio do aeroporto e nós, pacientemente, esperamos.
Enfim, novo start. Ufa! O comandante nos avisa que em 20 minutos estaremos em Paro. Decolamos novamente, entramos novamente no desfiladeiro e eis que aparece, à nossa frente, a tão esperada pista do aeroporto. Livre, livre, sem nuvens, sem chuva. Pousamos, desembarcamos e ficamos deslumbrados com a beleza, a limpeza e a rapidez no atendimento dos funcionários do aeroporto de Paro. Zás trás, e já estávamos do lado de fora. Quem não estava com cara de bons amigos era nosso guia. Afinal, ele teve que nos aguardar por nada mais nada menos que quatro horas e quarenta. Uma viagem que devia levar uma hora levou quatro horas e quarenta minutos.





                                                                  O aeroporto de Paro

Uma van novinha nos aguardava. Embarcamos. O guia nos informa que ficaremos no hotel Uma em Paro. Como assim? Nós não iríamos para Timphu, ficar no hotel Taj Tashi? O guia nos olha espantado. Paramos na beira da estrada, Ronald pega sua documentação. De fato, deveríamos ir para Thimphu. Mas o guia afirma que ficaremos em Paro. Aí começa um telefonar frenético do guia para a sua agência. Nós, pacientemente, esperamos. Depois de um lá para cá o guia, todo constrangido, vem falar conosco e diz que realmente ficaremos em Paro. Tudo bem, tudo ok? Prá que se aborrecer? Afinal, estamos no país das pessoas mais felizes do mundo... O guia, visivelmente aliviado, nos leva até o hotel UMA.




Verdadeiramente um paraíso! Um hotel em cima de uma montanha, rodeado de verde, com dependências de uma elegância simples maravilhosa. Nada de ostentação! Tudo muito limpo e muito lindo. Nos oferecem um chá de boas vindas (Ah! Esqueci de falar que a cidade de Bajdogra é a terra do chá Darjeeiling), o atendimento é perfeito. Nos levam até o quarto, também de uma elegância simples linda. Ronald e eu resolvemos dar uma volta pela parte de fora. Foi um momento mágico. Já estava escuro, andamos entre as altas araucárias e ciprestes com uma lua crescente nos espiando entre os galhos. Mais romântico impossível.  Depois, olhamos as dependências internas. Uma sauna maravilhosa, uma piscina quente ímpar, um restaurante que é uma graça... o que queremos mais?




Hoje aprendi uma nova lição de vida: Buthan é um dos países mais pobres do mundo. Mesmo assim, é de uma beleza ímpar. Todas as casas pelas quais passamos, mesmo as mais simples, são belas, limpas, bem cuidadas. Portanto, ser pobre não significa que é preciso ser sujo, desleixado. É possível ser pobre e ser limpo. Os butaneses tem uma postura ereta, tem orgulho do seu país. Todos os homens vestem um tipo de uma túnica. Todos são muito simpáticos e gentis. Tenho a impressão que vamos ter uma excelente estadia neste país tão diferente do que vimos até agora.


Um comentário:

  1. Puxa,Beate,acho que mandei um monte de mensagens que não chegaram.Anyway,estou jsadorando acompanhar a sua viagem.B

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