domingo, 11 de setembro de 2011

11 de setembro
Entre Punakha e Thimphu
Após um realmente frugal café da manhã saímod de Punakha e fomos a Wandgue, para mais uma visita a um dzong (administração + monastério). Desta vez, visitamos um monastério quase que caindo aos pedaços. Foi o dzong mais mal conservado que vimos até então. Há um grande programa de restauro, financiado pelos indianos, e que será concluído até 2013.


Não nos demoramos muito, e seguimos para a estrada, em direção a Thimpu. Quando chegamos no ponto mais alto, começou a garoar, e não dava para ver absolutamente nada. Na cafeteria que fica no ponto mais alto do passo, tomamos um chá de jasmin e eu ainda tomei uma sopa. Na realidade, poderia ter dispensado ela, pois não tinha gosto de absolutamente nada. Por falar em cozinha bhutanesa, ela é bastante condimentada. Em princípio, um sabor agradável. A base é arroz e verduras. Os bhutaneses são praticamente todos de estatura baixa e magros. Dificilmente vê-se um gordo por aqui. Não sei porque Buda era tão gordo... Hoje entrei na cozinha do hotel 1* que ficamos, e quase caí prá trás. Suja, escura, com cheiro azedo, grrrrr... ainda bem que jantamos ontem sem olhar a cozinha, do contrário não teria descido nada. Fazer refeições aqui em Bhutan é algo difícil. Existem restaurantes, mas a gente não tem coragem de entrar. Normalmente são uns muquifinhos sujos, sem ventilação e com cheiro meio azedo. Dispensamos o almoço todos os dias e jantamos no próprio hotel. Achamos isto a melhor solução para não correr riscos gastrointestinais. Nosso guia hoje estava com desarranjo gastro. Sabe-se lá o que comeu...
Por falar em cheiros, os cheiros aqui variam entre cheiros de insenso e cheiros azedos de toda a espécie. Às vezes o cheiro azedo se sobrepõe, aí é horrível. Mas normalmente o cheiro de insenso prevalece, mas nem sempre é agradável. Mas isto é uma questão de costume.
Quanto às roupas do bhutaneses, os homens na sua maioria vestem o gho. Já em relação às mulheres vê-se muitas roupas ocidentais, o que é uma pena, porque não combina direito com o ambiente. Tanto homens quanto mulheres tem o hábito esquisito de ficar cuspindo à torta e à direita. Cospem um negócio meio vermelho. No primeiro dia, achei que as pessoas tinham muita gengivite, pois muitas pessoas tem a boca, a gengiva e os dentes de um vermelho vivo. Depois descobri que este vermelho provém desta pasta que mastigam e cospem.
Seguimos viagem até Thimpu, com saídas de sol e alguns episódios de chuvas passageiras. No percurso, paramos, o carro seguiu em frente, e nós fizemos um bom trecho montanha abaixo a pé. Não entendemos nada!!! Porque o guia nos fazia andar na beira de uma estradinha, com um razoável movimento, se poderíamos ir de carro? A desculpa que ele deu foi que poderíamos tirar fotos de um buda gigante na encosta de um morro, mas eu desconfio que a razão real foi a de que o guia precisava sumir atrás de uma moitinha...


Thimpu tem uma avenida principal que, à primeira vista, parece aprazível. Depois, quando Ronald e eu fizemos toda a avenida principal a pé, descobrimos que, na realidade, até que é bem sujinha, com incontáveis vendinhas ao longo dela que vende de tudo Parece uma grande 25 de março (SP). Fomos por ruelas laterais para outras ruas, e aí a coisa fica difícil: muitas moradias, muitas vendinhas, carros se apertando pelas vielas, gente à beça circulando, parece um grande cortiço, mas com charme, pois não tem uma casa, um apartamento que não tenha pinturas delicadas nas suas fachadas.


Fomos até o dzong da cidade. Este realmente é majestoso, bonito, muito bem cuidado. Para chegar lá, anda-se por uma rua muito bem cuidada, com flores e chorões em ambos os lados, muito bonito mesmo.



O rei tem a sua sede de trabalho neste dzong, e o seu palácio fica do lado. Quando descemos da van, estava chovendo. Peguei meu guarda chuva, mas o guia informou que, para ir a este dzong, não pode usar nem guarda chuva nem chapéu, e não pode parar. Também não pode fotografar o palácio, nem a entrada principal por onde o rei entra. Desta vez não consegui me conter – não consegui fazer cara de paisagem – e o guia percebeu que eu acho esta lei um absurdo total. Mas o que fazer, não é? Rei é rei... Estava chovendo, portanto andamos na chuva, sem proteção, até entrar pelo portão lateral, que é para os turistas. Fomos controlados, e entramos para o pátio interno. Não foi possível visitar a ala administrativa, por questões de segurança. Visitamos o templo. Este é o mais rico e mais carregado de pinturas e estátuas que já vi. Mais uma vez, não pudemos fotografar, o que é uma lástima. Como sempre, deixar os sapatos do lado de fora. Para calçar o sapato na saída, sentei num banco, e o guia nervosamente me falou que não podia sentar neste banco, que é destinado aos monges... eu, hein!!!
A nossa última programação turística foi ir ao mercado central. Hoje é domingo, e tem feira. Acho que os mercados são quase todos iguais. Vendem-se frutas, verduras e peixe.


Presenciamos a briga entre duas mulheres. Pois é, dizem que Bhutan é o país com as pessoas mais felizes do mundo, mas eu ouso questionar esta pesquisa. Não acho que os bhutaneses sejam diferentes de outros países do mundo. Choram, riem, ficam bravos, ficam alegres, ficam tristes. Aliás, eu acho que muitos tem um semblante bem triste... E em Thimpu é possível perceber a grande pobreza do país. As pessoas aqui lutam muito e se contentam com pouco, é a única forma de sobrevivência. Agora, o governo tem tudo do bom e do melhor, como em outras partes do mundo também.
Encerramos o dia com uma sauna, piscina aquecida e jantar no hotel (Taj Tashi). Ruim, não é?!?, rsrsrsrs



Um comentário:

  1. Este sem dúvida foi para mim o seu texto mais autêntico, deu para sentir você no Bhutan! Gostei muito, apesar de confirmar uma coisa que eu já estava prevendo...todas as dificuldades de se adaptar, seja com comida, cheiros e principalmente com a questao da higiene...Bj Grande!

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