sábado, 5 de maio de 2012

A travessia


O embarque no navio foi no dia 21.4, após termos feitos um longo passeio por dois fortes e a cidade velha de San Juan.  O embarque foi rápido, pois estávamos em transit.
22 de abril – St. Maarten
O dia amanheceu lindo, e depois de termos nos informado a respeito do desembarque definitivo de Ronald do navio, o que demorou algum tempo, descemos e fomos à Hertz, que tem um escritório no cais do porto. Rapidamente conseguimos nosso carro e, assim, decidimos dar uma volta na ilha inteira, que tem 96 km2.
St. Maarten é a menor ilha do mundo que se encontra em poder de duas nações. O atual limite entre as duas nações é fruto de inúmeras guerras entre os poderosos do século XVII. Hoje a Holanda e a França dividem esta ilha, e a convivência pacífica já dura 350 anos.
Foi Colombo que descobriu esta ilha em 1493, no dia de São Martinho. Durante 140 anos a Espanha, a França e a Holanda brigaram pela posse da ilha. Somente em 1648 foram definidas os atuais limites, e 41,5qm2 pertencem à Holanda e 54,5 qm2 pertencemd à França. 






A escravidão chegou à ilha com as plantações de cana de açúcar. O sistema colonial floresceu enquanto havia escravos. A economia sofreu uma brusca queda quando foi declarada a liberdade dos escravos, em 1848 na parte francesa e em 1863 na parte holandesa. Somente em 1939 a ilha recuperou-se economicamente, quando foram eliminados os impostos de importação e exportação. A ilha tornou-se um porto livre.
St. Maarten hoje é um pólo de comercio do Caribe. No final dos anos 50 foi inaugurado o aeroporto, e a partir daí observou-se amplo desenvolvimento. A partir dos anos 60 começaram a brotar hotéis do chão como cogumelos e cada vez mais navios de cruzeiro aportavam nesta ilha. Hoje em dia a ilha goza de grande predileção pelos turistas.
Quando se desce do navio observa-se que há inúmeras lojas duti free.
Observamos que a parte francesa é mais pobre, as estradas são sofríveis, há muitas casas em franca decomposição. Tanto Marigot, capital do lado francês, quanto Phillipsburg, do lado holandês, são cidades muito bonitas e bem cuidadas.
Passeamos bastante, assistimos ao pouso de vários aviões – mas que programação mais capenga é esta?   É que os aviões vem pelo mar, passam por cima dos banhistas e pousam imediatamente depois da avenida que separa a praia do aeroporto. No vão do vento provocado pelo avião, tudo voa: toalhas, chapéus, lenços, barracas enfim, tudo que não estiver absolutamente firme no chão, e os banhistas ficam cobertos de areia que é levantada pelo fortíssimo vento.  É uma cena e tanto!
Ronald então me deixou no navio e iniciou seu desembarque, o que demorou mais do que imaginávamos, porque nenhum funcionário acreditava que de fato ele estava deixando o navio após um dia de navegação. Quiseram saber o motivo de sua saída, e era visível a preocupação de que estivesse deixando o navio por estar insatisfeito. Isto apesar de desde início ter sido informado que, após o cruzeiro no Caribe, Ronald permaneceria somente o dia 22.4 no navio para podermos passar juntos a data do nosso aniversário de casamento.
Ronald desceu, e eu fui dar uma caminhada no deck do navio, com uma sensação meio esquisita de ficar sozinha.
À noite fui jantar, e aí já deu prá perceber que os funcionários do navio não estão muito acostumados com a situação de singles. Provavelmente isto acontece muito raramente. Quando descobrem que vc está sozinha, te olham com um olhar de pena de dar dó. Isto no século 21, com as mulheres orgulhando-se de sua independência!  De repente, a atendente na entrada do restaurante não lembrava-se mais do meu sobrenome (isto que nos 8 dias anteriores sempre nos ter cumprimentado como Mr e Ms. Althuon), me encaminhou para uma mesa horrível onde vc senta num banco para poder ficar de frente aos outros passageiros. Fiquei sozinha na mesa. Nas duas mesas ao lado, dois casais canadenses, mas a conversa rolou com muita dificuldade.  Os garçons demoravam demasiadamente para me atender, e o jantar durou mais do que duas horas. Jurei que não voltaria mais a este restaurante, e que no dia seguinte tentaria uma mesa fixa no restaurante do 4. Andar, com falantes da língua alemã ou espanhola.  No dia seguinte fiz isto, mas não foi muito fácil. Disseram-se que as mesas estavam lotadas, que era difícil mudar do sistema my time para mesa fixa mas, conversa prá cá, conversa prá lá, finalmente consegui sentar numa mesa para 12 pessoas, mas na qual somente estava sentado um casal austríaco, que me informou que no primeiro dia havia mais um casal que não mais apareceu, e que desde então estavam sozinhos. Bom, agora não mais, pois eu pretendo ficar nesta mesa, mesmo que somente com um casal, durante todos os dias da travessia. 

23, 24,25,26,27 e 28 de abril – travessia do Oceano Atlântico
Já no primeiro dia da travessia estava acostumada a estar sozinha no navio. Ninguém mais me olhava com pena, e travei muito conhecimento com pessoas as mais diversas. De manhã e no almoço vou para o Windjammer Restaurant, e todas as vezes encontro com gente diferente. Até já sentei junto com um ex-ministro da saúde de Puerto Rico, e tivemos uma animadíssima e acirrada conversa sobre política e desenvolvimento. As pessoas no navio são muito diferentes entre si, e o que os faz semelhantes e o prazer de viajar sobre água. That’s so nice! é uma expressão que se escuta constantemente. 





Diferentemente do cruzeiro pelo Caribe, neste navio não há tantas pessoas tão obesas assim, praticamente não há pessoas de origem africana, também há pouquíssimas crianças, e ainda não vi adolescentes. Há alguns jovens casais, mas a maioria é de meia idade e idosa. Há muitas pessoas com andadores, e vi alguns triciclos motorizados para pessoas com dificuldade de se deslocar pelos longos corredores. E haja corredores! Também observa-se um maior cuidado com a alimentação, os pratos não são tão atolados de comida, e muita gente anda pelos decks e se exercita. Praticamente não se consegue lugar na academia de ginástica, pois sempre está lotada, e eu não estou a fim de levantar às 6 da matina só prá me exercitar. O sol brilha, o mar está calmo, e já no segundo dia percebeu-se um vento um pouco mais forte e frio durante as caminhadas no deck. Basicamente não participo das atividades oferecidas pelo navio. Levanto tarde, tomo café da manhã demorado, faço uma caminhada de uma hora, vou para a cabine, escrevo, leio, faço postagens no blog, trato fotos e por volta das 13.30 vou almoçar. Depois do almoço, que também sempre é demorado e regado a muito papo, um breve descanso. Em seguida, mais uma caminhada de uma hora, e então, um pouco de sol, jaccuzzi, mais um banho de sol na varanda da cabine que no final da tarde fica super ensolarada, e preparativos para o jantar. Curtir o som do deck 4, observar as pessoas andando para cá e para lá, jantar. Depois do jantar, leio por mais uma hora ou um pouco mais e durmo maravilhosamente bem. É interessante que, no mar, sonha-se muito. Já havia observado isto em outras viagens, e o mesmo fenômeno ocorre nesta viagem. Sonhos multicoloridos, estórias de tudo que é tipo, e revisitação de personagens que passaram por minha vida. Muito interessante! Pena que cai imediatamente no esquecimento.
Me dá a impressão de que neste navio há uma quantidade muito grande de casais que gostam imensamente de dançar. A partir da tarde, sempre se vê gente dançando, aos mais diferentes ritmos. Dançando com prazer, com conhecimento dos passos, com entrega.
Passou-me pela cabeça que uma viagem transatlântica, com tantos dias no mar sem um sinal de terra, é uma ode à alegria, à convivência, ao interrelacionamento, à vida, ao amor, ao afeto, ao romance, ao prazer...
Não participo das atividades coletivas do navio. Encontro-me, no máximo, com pessoas durante as refeições, e isto nem sempre acontece. Quando há pessoas falantes da língua alemã ou espanhola, a conversa flui, e às vezes os almoços tornam-se longos, por duas ou três horas. Outras vezes, ninguém senta à minha mesa, e então o almoço é rápido e em silêncio.
De uma forma geral não me incomoda viajar sozinha. No início da noite, um pouco antes do jantar, a solidão se faz um pouco mais presente, quando os casais flanam pelos decks, dançam ao som da música, e as famílias giram em torno de seus próprios interesses. Mas isto normalmente passa rápido, o mais tardar durante o jantar.
Quando ando sozinha pelo deck, ainda percebo alguns olhares de estranhamento, e de alguns senhores que aparentemente também estão sozinhos olhares de curiosidade e um ponto de interrogação.
Temos muita sorte nesta travessia, pois o tempo está bom, o mar calmo, e somente num dia o vento estava muito frio. Não tomo mais sol no deck, para tanto o vento me incomoda, mas ainda há muitas pessoas sentadas durante horas ao sol, mesmo que fraco, e que não se incomodam com o vento constante. Os lugares mais protegidos do navio sempre estão ocupados quando por eles passo, por isso nem me passa pela cabeça brigar por algum deles. Por sorte, tenho a minha cabine com varanda, e o sol do final da tarde me aquece o rosto e os pensamentos.

29 de abril – Ilhas Canárias
As ilhas Canárias, situadas a oeste da costa do Saara e a sudoeste da Península Ibérica, é uma ilha que normalmente é o primeiro acesso dos navios de cruzeiro que fazem a travessia atlântica. Desta vez, decidi conhecer o Monte El Teíde. Este é umn vulcão, que corresponde a um processo geológico de comunicação temporal ou permanente entre as profundezas e a superfície terrestre. Declarado Parque Nacional em 1954, o Parque Nacional de Las Cañadas Del Teíde inclui uma enorme cratera vulcânica com uma circunferência de 48km, de onde sai o Monte Teíde, que atinge 3718 metros. O Teíde é considerado Patrimônio da Humanidade desde 28 de julho de 2007, e fica situado na ilha de Tenerife, que tem o apelido de ‘ilha da primavera eterna’. O Monte Teíde é o pico mais elevado da Espanha, e o mais alto vulcão da Europa. No momento sua atividade é nula, mas teve uma erupção relativamente recente, em 1909. Ele é constantemente monitorado e são medidos os riscos relacionados com a existência de uma bolsa de magma no interior deste vulcão.
O acesso ao vulcão pode ser feito a pé ou teleférico, que leva mesmo ao alto da cratera. Uma vez no pico, e se o dia estiver limpo, dizem que a vista é soberba: é possível ver ao longe as ilhas da Gran Canária, La Palma, La Gomera e El Hierro.
O dia amanheceu belíssimo, sem nenhuma nuvem no céu. A minha estratégia de pedir o ‘breakfast’ para conseguir acordar (uma vez que não trouxe despertador e não consegui destrinchar como funciona o wake up do navio) deu certo. Eles telefonam dez minutos antes de entregar o café da manhã, o que te dá a possibilidade de se vestir rapidamente. O café da manhã no quarto é bom, basicamente é o que também há no Windjammer.  Na hora solicitada, segui para o 5. Andar, para o teatro, onde já havia uma imensidão de gente tirando a senha para o ônibus. Meu número era o sete, mas saí com o grupo anterior, o que se mostrou providencial, pois assim consegui ir confortavelmente até o ônibus e ainda consegui um bom lugar na janela. 



A viagem até o parque nacional Cañadas Del Teíde é muito bonito. Inicialmente passa-se por uma floresta de eucaliptos, depois por uma de araucárias, e finalmente enxerga-se, ao longe, o Monte Teíde. De lá anda-se ainda um bocado até chegar ao parque nacional, que é simplesmente lindo. Um misto de deserto com região vulcânica. Passamos ao largo de uma imensa cratera, e chegamos bem perto do topo do Monte Teíde. Na nossa programação não estava prevista a subida ao topo com teleférico (22 euros), porque não há tempo hábil de transportar tanta gente. Mas não tem importância. Como subimos quase 3000 metros já tivemos uma vista magnífica. Por volta do meio dia começaram a subir nuvens vindas da ilha de Palma. Foi um espetáculo e tanto ver as nuvens chegando devagarinho, tomando todo o espaço e mudando a paisagem, de uma hora para outra. Quando chegamos ao nível do mar, havia sol, entremeado de nuvens,o que permaneceu assim a tarde inteira. O sol somente se pôs às 20.37. Com isto, deu prá aproveitar muito bem o dia. Resolvi jantar no Windjammer. À noite, a comida é muito boa, há entradas maravilhosas, comida japonesa, pastas e pizzas. Mas falta o clima de ser servido, de ter a mesa posta, de tomar um delicioso vinho, que é o que o restaurante do deck 4 possibilita.
30 de maio – dia de navegação.
Apesar da previsão de chuva, o dia amanheceu lindo, mas o vento está gelado. Fui tomar café no restaurante do deck 04, onde é possível tomar café numa bela mesa posta, cardápio e buffet, além de companhia à mesa. Na minha mesa estavam um argentino, uma americana que foi super mal educada porque ficou fazendo palavras cruzadas o tempo todo, ignorando as pessoas sentadas à mesa, além de um casal do Canadá, mas que também falavam alemão. A conversa toda rolou em inglês.
Depois, fui andar no deck 5, pois no 12 o vento estava insuportável. Mesmo no deck 5 ventava bastante, e as ondas respingavam água o tempo todo. Saí ‘quase’ ensopada. Resolvi descer para o deck 4 e, daí, subi todos os decks com minha máquina fotográfica, e fotografei praticamente todos os ambientes internos acessíveis. Fora estava muito vento, e desisti de fotografar.
Passei o restante do dia tratando fotos, escrevendo este texto e lendo. Descobri que não posso assistir a nenhum dos 30 filmes europeus que trouxe junto porque o meu computador não está programado para tal, e a minha ignorância informática não permite que resolva o problema. Paciência. Ainda bem que na minha varanda não venta muito. Assim dá prá ficar do lado de fora, curtir as ondas, que hoje estão realmente razoavelmente altas e o navio está surfando bastante. Percebi que as cabines na parte da frente balançam muito mais do que as de trás, mesmo estando no deck 9, que é bastante alto.
Hoje é o último dia de navegação. No total, naveguei 7 dias nesta travessia. Percebi que esta foi uma experiência muito interessante. Como estou sozinha, posso fazer com o meu tempo o que bem entender. Posso me dedicar puramente ao ócio, não fazer absolutamente nada, posso dormir, posso passar o tempo todo acordada se quiser, posso zanzar ou não pelo navio, posso participar ou não das atividades propostas, posso ler se tiver vontade, posso entrar na internet (mas isto é um bocado caro, por isto  esta é a única atividade realmente limitada), posso conversar com outras pessoas, posso ficar em silêncio, posso sentar com outras pessoas, posso sentar sozinha, enfim, sou totalmente dona de mim mesma, posso estar contato comigo mesma, penetrar nas profundezas dos meus pensamentos e sentimentos, mas também posso ficar na superfície, se quiser. Esta é uma sensação muito boa, apesar de não querer fazer isto para sempre. 7 dias está de bom tamanho, nos outros dias tive e tenho atividade programada para todos os dias, e não vejo a hora de reencontrar meu marido, que chega a Barcelona no sábado. Ficar sozinha é bom, de vez em quando, mas ficar com quem se ama é melhor, ter a família afetuosa presente também, ter contato com os amigos, ter afazeres preenche de forma consistente e produtiva o seu dia.
01 de maio – Cadiz e Seville
O dia amanheceu lindo. Fui acordada pelo serviço ‘wake up’ do navio às 6.30, pois finalmente havia descoberto como proceder. Tomei o café da manhã com calma e fui ao deck 5, para receber a senha. Quando começaram a chamar os grupos, saí junto, pois percebi que muita gente faz isto. Consegui um bom lugar no ônibus, que entretanto não adiantou muito, porque o sol estava contra e assim não foi possível fotografar. Na ida dormi um pouco, a paisagem é muito uniforme. A viagem foi extremamente rápida, porque hoje é feriado e praticamente não havia carros na estrada. A auto estrada de Cadiz para Seville é muito boa, e a distância entre uma cidade e outra é de 125km. Seville é uma cidade radiante. Muito, muito bonita. Bem arborizada, com prédios históricos em excelente estado de conservação, amplas avenidas. O bairro de Santa Cruz, que cruzamos a pé, é uma graça. O bairro de Santa Cruz tem origem judia. As lojas de artesanato e os cafés ocupam casas pintadas com cal, que enfeitam as ruas e as belas praças. Seville se considera uma das cidades mais charmosas da Espanha. É nela que se encontra a terceira maior catedral do mundo cristão. A catedral realmente é muito impressionante.  Junto a catedral se encontra a torre La Giralda. A impressionante estrutura lembra a existência de uma mesquita que em algum tempo remoto foi erigido no local onde hoje está a catedral.  Visitamos o impressionante palácio  ‘Reales Alcázares’, com seus belíssimos jardins em estilo renascentista. Por fim, visitamos a Plaza de Espana, que deixa a gente simplesmente boquiaaberta. Ela foi construída para a primeira feira internacional de Seville, em 1929. A praça é um dos lugares favoritos dos sevillenos e tem fontes, canais e azulejos que representam as diferentes províncias da Espanha. 


Na volta, fui passear um pouco em Cádiz. Cadiz fica no sul da Espanha, em um pedaço de terra que se sobressai na baía. Ela é praticamente rodeada por água, e se acredita que Cádiz seja a cidade mais antiga da Europa. Ainda se conservam suas incríveis muralhas, que protegiam e proporcionam a Cádiz um horizonte como nenhuma outra. O bairro antigo é composto por pitorescos edifícios, parques e jardins que se entrelaçam nas estreitas ruas e praças. Cádiz é uma cidade relaxada e tranqüila, e é fácil de explorar. Tem vários museus, restaurantes e encantadores cafés.  Na primavera esta tranqüila cidade festeja um carnaval que se considera entre os mais importantes e animados da Espanha. Mas é muito diferente do carnaval do Brasil. Durante 10 dias, as ruas se enfeitam com pessoas com coloridos disfarces que cantam, dançam e celebram.
Não fiquei muito na cidade. Já a havia visitado a 3 anos atrás, e depois de uma volta, preferi retornar ao navio.  Cádiz é o porto no qual o navio fica o maior tempo, das 9 hroas da manhã às 24 horas. Como estou sozinha, não tem muita graça ficar perambulando à noite pelas ruelas da cidade velha, nem sentar para tomar alguma coisa num café. Preferi ficar no navio, escrever e tratar fotos.
02 de maio – Gibraltar
Gibraltar é um território britânico ultramarino localizado no extremo sul da Península Ibérica. Corresponde a uma pequena península, com uma estreita fronteira terrestre a norte. É limitado, dos outros lado, pelo Mar Mediterrâneo, Estreito de Gibraltar e Baía de Gibraltar, já no Oceano Atlântico. A Espanha mantém a reivindicação sobre o ‘Rochedo’, o que é totalmente rejeitado pela população gibraltina.
O nome Gibraltar origina-se na expressão árabe ‘jabal AL-Tariq’, que significa ‘montanha do Tarique’. A montanha, um promontório militarmente estratégico na entrada do Mar Mediterrâneo, guarnece o estreito oceânico que separa a África do continente europeu. O nome é uma homenagem ao general muçulmano Tariq ibn Ziyad, que no ano de 711 d.C. aí desembarcou, iniciando a conquista do reino visigótico. 



Levantei muito cedo, havia me enganado no horário de saída. Ainda estava escuro, e estávamos atracando no cais. Fui tomar café no restaurante do deck 4, e depois ainda tratei um bocado de fotos antes de descer para o deck 5 e pegar minha senha. Retornei ao quarto, e somente desci meia hora antes da hora marcada para a van sair. O motorista ao mesmo tempo era o guia, e fazia muitas piadas durante o trajeto. O prometido eram 2horas, mas na realidade somente andamos 45 minutos, e somente teve duas paradas de 5 minutos cada. O motorista literalmente nos largou no início do ‘bochicho’ e disse que quem quisesse voltar ao navio naquela hora, ele o levaria. Não eram nem 10 horas da manhã, é claro que ninguém queria. Resultado: na hora de retornar, foi necessário pegar um shuttle de dois euros. Mas enfim, a descida valeu a pena, pois o centrinho é bem simpático, há muitas lojas e cafés, e finalmente consegui acessar a internet num bistrô, mandei os emails e fiz os telefonemas que queria fazer. Gibraltar resume-se literalmente a uma rocha. O aeroporto é impressionante, pois ele corta uma rua. Qdo um avião chega ou sai, o trânsito é impedido de passar, o avião pousa ou decola, e aí abre-se o sinal e tudo recomeça. As ruas são poucas, a cidade espalha-se ao pé da rocha. As ruas são bem sinuosas. No topo da rocha há macacos mas, como eu não subi a rocha, pois não estava previsto no programa, não os vi. Mas os passageiros, principalmente europeus, ficaram falando horas a fio sobre os macacos no retorno.
O dia hoje estava belíssimo, o mar um tapete. Saimos de Gibraltar às 16 horas, e o mar continua um tapete. Mas está frio: 16 graus. Quem diria, tão frio, e isto na península ibérica.  Desde que o tempo continue lindo deste jeito, tudo bem. O frio a gente administra.
Hoje é a última noite com roupa formal. Realmente não gosto destas noites, nas quais temos que nos emperetecar, a mulherada desfile vestidos deslumbrantes ou não tão deslumbrantes assim, jóias ou bijuteria fina, e felizmente há cada vez mais mulheres que resolveram se vestir de forma um pouco menos empolada.
03 de maio – Cartagena
Chegamos em Cartagena às 7 da manhã, depois de uma noite super tranqüila, pois o mar estava um tapete. Desci no horário previsto, e entrei no ônibus que constava da minha senha. Achei estranho, porque  havia reservado um walking tour mas, enfim, com tantos americanos que não gostam de andar, pensei que talvez fosse um walking alternado. Mas não era nada disso. Eu tinha sido orientada de forma errada, e meu número era 14 ao invés do 7. Realmente o nosso grupo, composto por 18 pessoas, ficou em pé esperando a hora de sair. Andamos pelo porto, que é muito bem arrumado, limpo, com uma ampla avenida, calçadas largas e muitas palmeiras. Fomos para o centro antigo da cidade, que é logo ali, é só preciso atravessar uma avenida. Andamos pela rua principal do centro antigo e em algumas outras travessas para olharmos prédios modernistas. A nossa guia não convenceu. Procurava as palavras em inglês para dar as explicações, e vira e mexe dizia: vcs podem olhar isto no tempo vago de vocês... que tempo vago? A nossa caminhada levaria 3 horas, ou seja, até às 12 horas, e às duas fecha tudo em Cartagena. Simplesmente não haveria tempo hábil para ver coisa alguma mas, enfim... Achei que a guia estava nos enrolando, e que não havia muito prá ver. Finalmente fomos no teatro romano, e este realmente é muito interessante. Fizeram do teatro romano um museu, e a gente passa por um túnel para chegar à parte aberta. Realmente este passeio foi interessante, apesar de que as explicações deixaram muito a desejar. Ter pago U$ 49,00 para um passeio que poderia ter feito sozinha, sem guia, me deixou meio chateada.  Depois fomos a um ascensor, para um outro museu, da época medieval, e de lá tivemos uma bela vista do complexo todo do teatro romano, assim como da cidade de Cartagena, que me deu a impressão de não ser muito atraente. No interior do museu não deu prá tirar fotos porque a guia não parava, aparentemente estava com pressa de se livrar do nosso grupo. No final, ela nos deixou na avenida que cerca o porto, e cada um fez o que bem entendeu. Eu passei novamente pelo centro antigo, procurei um lugar wifi free, e encontrei uma chocolateria, onde tomei um chocolate gostoso. Apesar do sol, na sombra faz frio, e hoje não passou dos 20 graus.



 À tarde fiquei no navio. Em Cartagena estava tudo mesmo fechado, e o vento que subiu depois das 14 horas estava cortante. Nem no espaço externo do navio deu prá ficar, de tanto vento que havia, e isto com o navio parado.
Passei o restante da tarde tratando fotos e escrevendo este texto.
04 de maio – Palma de Mallorca
Palma de Mallorca é a capital da Ilha de Mallorca e está localizada na parte sul da costa desta ilha. É a principal referência cultural e econômica da ilha. Recentemente, foi eleita como o ‘melhor lugar da Espanha para se viver’.
Nos últimos tempos a cidade se modernizou mas, mesmo assim, Palma soube manter o encanto e o sabor próprio da sua cultura e da sua tradição. A parte antiga de Palma estende-se desde a catedral, por várias ruas pertencentes a esta mesma parte antiga, rodeadas por mansões e edifícios singulares. A melhor maneira de apreciar a parte antiga de Palma é a pé, usufruindo e admirando as pequenas praças que enfeitam o lugar, os parques, os bares onde se pode apreciar as tapas... Mesmo assim, eu resolvi fazer um tour de ônibus, para ter uma visão mais ampla de Palma.
Em Palma vivem cerca de 325000 pessoas, sendo esta a população permanente, uma vez que, durante o verão, esta população duplica, podendo por vezes triplicar!
Palma é um destino turístico muito solicitado e popular, sendo uma mistura de tradição e modernidade.
Algumas das principais atrações de Palma de Mallorca incluem o Palácio Real, o Edifício da Bolsa, o Castelo de Bellver e a espetacular Catedral, com uma das mais finas linhas góticas do mundo, ficando localizada próximo do porto.
O dia amanheceu com pesadas nuvens, e achei que fosse chover. Quase não se via a cidade de Palma de Mallorca, e o dia prometia ser meio cinzento. Estava frio, mas não tão frio quanto em Cartagena, ou seja, 18 graus.
O porto de Palma de Mallorca é super bem preparado e equipado para receber grandes transatlânticos. Para chegar aos ônibus, anda-se numa espécie de plataforma, toda coberta.  Para o dia de hoje, reservei o city tour, pois pensei que ele fosse se concentrar na parte antiga da cidade. Para minha surpresa, a primeira coisa que fizemos foi ir ao castelo Bellver, um antiqüíssimo castelo, que também foi usado como prisão por algum tempo. O general Franco lá esteve preso, e preciso dizer que esta foi uma prisão de luxo, com uma fantástica vista, bom ar, e o castelo está em bom estado de conservação. Mas já havia ali prisioneiros na época de Napoleão, pois vimos uma inscrição muito antiga com ‘vive la Napoleon’.
Hoje o castelo abriga um museu. Quando de lá saímos, o dia já tinha clareado e havia um belo sol.  Andamos por belas avenidas com lindas mansões, fomos ao anfiteatro para o espetáculo de touradas, e muita gente foi em uma loja em frente para comprar pérolas de Mallorca. Depois, fomos à catedral, que realmente magnífica. Por fim, andamos um pouco pela cidade antiga, e a guia deu um tempo para que as pessoas pudessem comprar ‘regalos’.
No navio almocei, conversei animadamente com um casal de puertoriquenhos, e em seguida fui à cabine, pois chegara a hora de fazer as malas.
Como estas duas semanas passaram rapidamente. É inacreditável que amanhã já estarei em Barcelona, para a terceira etapa deste roteiro ‘três em um’. Tive muita sorte com o tempo nesta segunda fase, pois não choveu nenhuma vez. Fez frio, havia vento, mas sempre com sol.
Esta viagem foi uma experiência única, pois a fiz sozinha. Como já mencionei antes, há prós e contras. O principal ‘contra’ é o fato de não haver interlocutores constantes, e como estava sozinha não fui ao show nenhuma vez, não fiquei nos bares e nos espaços de dança do navio, não usufrui das atividades que o navio oferece. Mas não posso dizer que senti falta. O ‘pró’ foi que curti todos os dias, e gostei bastante de ser totalmente dona de meu nariz. Não senti solidão, o que é diferente de estar sozinha. Sempre estava na companhia dos meus pensamentos, das minhas leituras, de boa música e, nos últimos dias, assisti a um ou outro programa da TV.
5 de maio – Chegada em Barcelona
Chegamos antes das 6 da manhã. Levantei tranquilamente, terminei de arrumar meus pertences e fui tomar café. Às 8 horas fui para o deck 5, ainda esperei 15 minutos e depois desci. O terminal de Barcelona é fantástico, tudo funciona, as malas vem em esteiras, tudo é amplo, arejado, não há correria. Em 10 minutos estava do lado de fora. Teoricamente teria que esperar 40 minutos pelo transfer mas, para minha surpresa, ele chegou logo depois. Um mercedão preto último tipo, super confortável, com um gato espanhol como motorista. Me senti uma verdadeira rainha, rsrsrs. Mas a alegria durou pouco. Quando cheguei no hotel, soube que a reserva tinha sido cancelada, e que não havia vaga. Como é que pode ter sido cancelada a reserva? E por quem? Por nós com certeza não foi. O rapaz da recepção até que foi gentil e tentou outro hotel prá gente. Isto felizmente foi possível, e perguntei se poderia esperar no lobby até a chegada do Ronald, para que então, juntos pudéssemos ir ao novo hotel, o que foi permitido. Aproveitei o tempo para postar fotos e escrever o blog.

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