O embarque no navio foi no dia 21.4, após termos feitos um
longo passeio por dois fortes e a cidade velha de San Juan. O embarque foi rápido, pois estávamos em
transit.
22 de abril – St.
Maarten
O dia amanheceu lindo, e depois de termos nos informado a respeito
do desembarque definitivo de Ronald do navio, o que demorou algum tempo,
descemos e fomos à Hertz, que tem um escritório no cais do porto. Rapidamente
conseguimos nosso carro e, assim, decidimos dar uma volta na ilha inteira, que
tem 96 km2.
St. Maarten é a menor ilha do mundo que se encontra em poder
de duas nações. O atual limite entre as duas nações é fruto de inúmeras guerras
entre os poderosos do século XVII. Hoje a Holanda e a França dividem esta ilha,
e a convivência pacífica já dura 350 anos.
Foi Colombo que descobriu esta ilha em 1493, no dia de São
Martinho. Durante 140 anos a Espanha, a França e a Holanda brigaram pela posse
da ilha. Somente em 1648 foram definidas os atuais limites, e 41,5qm2 pertencem
à Holanda e 54,5 qm2 pertencemd à França.
A escravidão chegou à ilha com as plantações de cana de açúcar. O sistema colonial floresceu enquanto havia escravos. A economia sofreu uma brusca queda quando foi declarada a liberdade dos escravos, em 1848 na parte francesa e em 1863 na parte holandesa. Somente em 1939 a ilha recuperou-se economicamente, quando foram eliminados os impostos de importação e exportação. A ilha tornou-se um porto livre.
St. Maarten hoje é um pólo de comercio do Caribe. No final
dos anos 50 foi inaugurado o aeroporto, e a partir daí observou-se amplo
desenvolvimento. A partir dos anos 60 começaram a brotar hotéis do chão como
cogumelos e cada vez mais navios de cruzeiro aportavam nesta ilha. Hoje em dia
a ilha goza de grande predileção pelos turistas.
Quando se desce do navio observa-se que há inúmeras lojas
duti free.
Observamos que a parte francesa é mais pobre, as estradas são
sofríveis, há muitas casas em franca decomposição. Tanto Marigot, capital do
lado francês, quanto Phillipsburg, do lado holandês, são cidades muito bonitas
e bem cuidadas.
Passeamos bastante, assistimos ao pouso de vários aviões –
mas que programação mais capenga é esta?
É que os aviões vem pelo mar, passam por cima dos banhistas e pousam
imediatamente depois da avenida que separa a praia do aeroporto. No vão do
vento provocado pelo avião, tudo voa: toalhas, chapéus, lenços, barracas enfim,
tudo que não estiver absolutamente firme no chão, e os banhistas ficam cobertos
de areia que é levantada pelo fortíssimo vento.
É uma cena e tanto!
Ronald então me deixou no navio e iniciou seu desembarque, o
que demorou mais do que imaginávamos, porque nenhum funcionário acreditava que
de fato ele estava deixando o navio após um dia de navegação. Quiseram saber o
motivo de sua saída, e era visível a preocupação de que estivesse deixando o
navio por estar insatisfeito. Isto apesar de desde início ter sido informado
que, após o cruzeiro no Caribe, Ronald permaneceria somente o dia 22.4 no navio
para podermos passar juntos a data do nosso aniversário de casamento.
Ronald desceu, e eu fui dar uma caminhada no deck do navio,
com uma sensação meio esquisita de ficar sozinha.
À noite fui jantar, e aí já deu prá perceber que os
funcionários do navio não estão muito acostumados com a situação de singles.
Provavelmente isto acontece muito raramente. Quando descobrem que vc está
sozinha, te olham com um olhar de pena de dar dó. Isto no século 21, com as
mulheres orgulhando-se de sua independência!
De repente, a atendente na entrada do restaurante não lembrava-se mais
do meu sobrenome (isto que nos 8 dias anteriores sempre nos ter cumprimentado
como Mr e Ms. Althuon), me encaminhou para uma mesa horrível onde vc senta num
banco para poder ficar de frente aos outros passageiros. Fiquei sozinha na
mesa. Nas duas mesas ao lado, dois casais canadenses, mas a conversa rolou com
muita dificuldade. Os garçons demoravam
demasiadamente para me atender, e o jantar durou mais do que duas horas. Jurei
que não voltaria mais a este restaurante, e que no dia seguinte tentaria uma
mesa fixa no restaurante do 4. Andar, com falantes da língua alemã ou
espanhola. No dia seguinte fiz isto, mas
não foi muito fácil. Disseram-se que as mesas estavam lotadas, que era difícil
mudar do sistema my time para mesa fixa mas, conversa prá cá, conversa prá lá,
finalmente consegui sentar numa mesa para 12 pessoas, mas na qual somente
estava sentado um casal austríaco, que me informou que no primeiro dia havia
mais um casal que não mais apareceu, e que desde então estavam sozinhos. Bom,
agora não mais, pois eu pretendo ficar nesta mesa, mesmo que somente com um
casal, durante todos os dias da travessia.
23, 24,25,26,27 e 28 de abril – travessia do Oceano Atlântico
Já no primeiro dia da travessia estava acostumada a estar
sozinha no navio. Ninguém mais me olhava com pena, e travei muito conhecimento
com pessoas as mais diversas. De manhã e no almoço vou para o Windjammer
Restaurant, e todas as vezes encontro com gente diferente. Até já sentei junto
com um ex-ministro da saúde de Puerto Rico, e tivemos uma animadíssima e
acirrada conversa sobre política e desenvolvimento. As pessoas no navio são
muito diferentes entre si, e o que os faz semelhantes e o prazer de viajar
sobre água. That’s so nice! é uma expressão que se escuta constantemente.
Diferentemente do cruzeiro pelo Caribe, neste navio não há tantas pessoas tão obesas assim, praticamente não há pessoas de origem africana, também há pouquíssimas crianças, e ainda não vi adolescentes. Há alguns jovens casais, mas a maioria é de meia idade e idosa. Há muitas pessoas com andadores, e vi alguns triciclos motorizados para pessoas com dificuldade de se deslocar pelos longos corredores. E haja corredores! Também observa-se um maior cuidado com a alimentação, os pratos não são tão atolados de comida, e muita gente anda pelos decks e se exercita. Praticamente não se consegue lugar na academia de ginástica, pois sempre está lotada, e eu não estou a fim de levantar às 6 da matina só prá me exercitar. O sol brilha, o mar está calmo, e já no segundo dia percebeu-se um vento um pouco mais forte e frio durante as caminhadas no deck. Basicamente não participo das atividades oferecidas pelo navio. Levanto tarde, tomo café da manhã demorado, faço uma caminhada de uma hora, vou para a cabine, escrevo, leio, faço postagens no blog, trato fotos e por volta das 13.30 vou almoçar. Depois do almoço, que também sempre é demorado e regado a muito papo, um breve descanso. Em seguida, mais uma caminhada de uma hora, e então, um pouco de sol, jaccuzzi, mais um banho de sol na varanda da cabine que no final da tarde fica super ensolarada, e preparativos para o jantar. Curtir o som do deck 4, observar as pessoas andando para cá e para lá, jantar. Depois do jantar, leio por mais uma hora ou um pouco mais e durmo maravilhosamente bem. É interessante que, no mar, sonha-se muito. Já havia observado isto em outras viagens, e o mesmo fenômeno ocorre nesta viagem. Sonhos multicoloridos, estórias de tudo que é tipo, e revisitação de personagens que passaram por minha vida. Muito interessante! Pena que cai imediatamente no esquecimento.
Me dá a impressão de que neste navio há uma quantidade muito
grande de casais que gostam imensamente de dançar. A partir da tarde, sempre se
vê gente dançando, aos mais diferentes ritmos. Dançando com prazer, com
conhecimento dos passos, com entrega.
Passou-me pela cabeça que uma viagem transatlântica, com
tantos dias no mar sem um sinal de terra, é uma ode à alegria, à convivência,
ao interrelacionamento, à vida, ao amor, ao afeto, ao romance, ao prazer...
Não participo das atividades coletivas do navio. Encontro-me,
no máximo, com pessoas durante as refeições, e isto nem sempre acontece. Quando
há pessoas falantes da língua alemã ou espanhola, a conversa flui, e às vezes
os almoços tornam-se longos, por duas ou três horas. Outras vezes, ninguém
senta à minha mesa, e então o almoço é rápido e em silêncio.
De uma forma geral não me incomoda viajar sozinha. No início
da noite, um pouco antes do jantar, a solidão se faz um pouco mais presente,
quando os casais flanam pelos decks, dançam ao som da música, e as famílias
giram em torno de seus próprios interesses. Mas isto normalmente passa rápido,
o mais tardar durante o jantar.
Quando ando sozinha pelo deck, ainda percebo alguns olhares
de estranhamento, e de alguns senhores que aparentemente também estão sozinhos
olhares de curiosidade e um ponto de interrogação.
Temos muita sorte nesta travessia, pois o tempo está bom, o
mar calmo, e somente num dia o vento estava muito frio. Não tomo mais sol no
deck, para tanto o vento me incomoda, mas ainda há muitas pessoas sentadas
durante horas ao sol, mesmo que fraco, e que não se incomodam com o vento
constante. Os lugares mais protegidos do navio sempre estão ocupados quando por
eles passo, por isso nem me passa pela cabeça brigar por algum deles. Por
sorte, tenho a minha cabine com varanda, e o sol do final da tarde me aquece o
rosto e os pensamentos.
29 de abril – Ilhas Canárias
As ilhas Canárias, situadas a oeste da costa do Saara e a
sudoeste da Península Ibérica, é uma ilha que normalmente é o primeiro acesso
dos navios de cruzeiro que fazem a travessia atlântica. Desta vez, decidi
conhecer o Monte El Teíde. Este é umn vulcão, que corresponde a um processo
geológico de comunicação temporal ou permanente entre as profundezas e a
superfície terrestre. Declarado Parque Nacional em 1954, o Parque Nacional de
Las Cañadas Del Teíde inclui uma enorme cratera vulcânica com uma
circunferência de 48km, de onde sai o Monte Teíde, que atinge 3718 metros. O
Teíde é considerado Patrimônio da Humanidade desde 28 de julho de 2007, e fica
situado na ilha de Tenerife, que tem o apelido de ‘ilha da primavera eterna’. O
Monte Teíde é o pico mais elevado da Espanha, e o mais alto vulcão da Europa.
No momento sua atividade é nula, mas teve uma erupção relativamente recente, em
1909. Ele é constantemente monitorado e são medidos os riscos relacionados com
a existência de uma bolsa de magma no interior deste vulcão.
O acesso ao vulcão pode ser feito a pé ou teleférico, que
leva mesmo ao alto da cratera. Uma vez no pico, e se o dia estiver limpo, dizem
que a vista é soberba: é possível ver ao longe as ilhas da Gran Canária, La
Palma, La Gomera e El Hierro.
O dia amanheceu belíssimo, sem nenhuma nuvem no céu. A minha
estratégia de pedir o ‘breakfast’ para conseguir acordar (uma vez que não
trouxe despertador e não consegui destrinchar como funciona o wake up do navio)
deu certo. Eles telefonam dez minutos antes de entregar o café da manhã, o que
te dá a possibilidade de se vestir rapidamente. O café da manhã no quarto é
bom, basicamente é o que também há no Windjammer. Na hora solicitada, segui para o 5. Andar,
para o teatro, onde já havia uma imensidão de gente tirando a senha para o
ônibus. Meu número era o sete, mas saí com o grupo anterior, o que se mostrou
providencial, pois assim consegui ir confortavelmente até o ônibus e ainda
consegui um bom lugar na janela.
A viagem até o parque nacional Cañadas Del Teíde é muito bonito. Inicialmente passa-se por uma floresta de eucaliptos, depois por uma de araucárias, e finalmente enxerga-se, ao longe, o Monte Teíde. De lá anda-se ainda um bocado até chegar ao parque nacional, que é simplesmente lindo. Um misto de deserto com região vulcânica. Passamos ao largo de uma imensa cratera, e chegamos bem perto do topo do Monte Teíde. Na nossa programação não estava prevista a subida ao topo com teleférico (22 euros), porque não há tempo hábil de transportar tanta gente. Mas não tem importância. Como subimos quase 3000 metros já tivemos uma vista magnífica. Por volta do meio dia começaram a subir nuvens vindas da ilha de Palma. Foi um espetáculo e tanto ver as nuvens chegando devagarinho, tomando todo o espaço e mudando a paisagem, de uma hora para outra. Quando chegamos ao nível do mar, havia sol, entremeado de nuvens,o que permaneceu assim a tarde inteira. O sol somente se pôs às 20.37. Com isto, deu prá aproveitar muito bem o dia. Resolvi jantar no Windjammer. À noite, a comida é muito boa, há entradas maravilhosas, comida japonesa, pastas e pizzas. Mas falta o clima de ser servido, de ter a mesa posta, de tomar um delicioso vinho, que é o que o restaurante do deck 4 possibilita.
A viagem até o parque nacional Cañadas Del Teíde é muito bonito. Inicialmente passa-se por uma floresta de eucaliptos, depois por uma de araucárias, e finalmente enxerga-se, ao longe, o Monte Teíde. De lá anda-se ainda um bocado até chegar ao parque nacional, que é simplesmente lindo. Um misto de deserto com região vulcânica. Passamos ao largo de uma imensa cratera, e chegamos bem perto do topo do Monte Teíde. Na nossa programação não estava prevista a subida ao topo com teleférico (22 euros), porque não há tempo hábil de transportar tanta gente. Mas não tem importância. Como subimos quase 3000 metros já tivemos uma vista magnífica. Por volta do meio dia começaram a subir nuvens vindas da ilha de Palma. Foi um espetáculo e tanto ver as nuvens chegando devagarinho, tomando todo o espaço e mudando a paisagem, de uma hora para outra. Quando chegamos ao nível do mar, havia sol, entremeado de nuvens,o que permaneceu assim a tarde inteira. O sol somente se pôs às 20.37. Com isto, deu prá aproveitar muito bem o dia. Resolvi jantar no Windjammer. À noite, a comida é muito boa, há entradas maravilhosas, comida japonesa, pastas e pizzas. Mas falta o clima de ser servido, de ter a mesa posta, de tomar um delicioso vinho, que é o que o restaurante do deck 4 possibilita.
30 de maio – dia de
navegação.
Apesar da previsão de chuva, o dia amanheceu lindo, mas o
vento está gelado. Fui tomar café no restaurante do deck 04, onde é possível
tomar café numa bela mesa posta, cardápio e buffet, além de companhia à mesa.
Na minha mesa estavam um argentino, uma americana que foi super mal educada
porque ficou fazendo palavras cruzadas o tempo todo, ignorando as pessoas
sentadas à mesa, além de um casal do Canadá, mas que também falavam alemão. A
conversa toda rolou em inglês.
Depois, fui andar no deck 5, pois no 12 o vento estava
insuportável. Mesmo no deck 5 ventava bastante, e as ondas respingavam água o
tempo todo. Saí ‘quase’ ensopada. Resolvi descer para o deck 4 e, daí, subi
todos os decks com minha máquina fotográfica, e fotografei praticamente todos
os ambientes internos acessíveis. Fora estava muito vento, e desisti de
fotografar.
Passei o restante do dia tratando fotos, escrevendo este
texto e lendo. Descobri que não posso assistir a nenhum dos 30 filmes europeus
que trouxe junto porque o meu computador não está programado para tal, e a
minha ignorância informática não permite que resolva o problema. Paciência.
Ainda bem que na minha varanda não venta muito. Assim dá prá ficar do lado de
fora, curtir as ondas, que hoje estão realmente razoavelmente altas e o navio
está surfando bastante. Percebi que as cabines na parte da frente balançam
muito mais do que as de trás, mesmo estando no deck 9, que é bastante alto.
Hoje é o último dia de navegação. No total, naveguei 7 dias
nesta travessia. Percebi que esta foi uma experiência muito interessante. Como
estou sozinha, posso fazer com o meu tempo o que bem entender. Posso me dedicar
puramente ao ócio, não fazer absolutamente nada, posso dormir, posso passar o
tempo todo acordada se quiser, posso zanzar ou não pelo navio, posso participar
ou não das atividades propostas, posso ler se tiver vontade, posso entrar na
internet (mas isto é um bocado caro, por isto
esta é a única atividade realmente limitada), posso conversar com outras
pessoas, posso ficar em silêncio, posso sentar com outras pessoas, posso sentar
sozinha, enfim, sou totalmente dona de mim mesma, posso estar contato comigo
mesma, penetrar nas profundezas dos meus pensamentos e sentimentos, mas também
posso ficar na superfície, se quiser. Esta é uma sensação muito boa, apesar de
não querer fazer isto para sempre. 7 dias está de bom tamanho, nos outros dias
tive e tenho atividade programada para todos os dias, e não vejo a hora de
reencontrar meu marido, que chega a Barcelona no sábado. Ficar sozinha é bom,
de vez em quando, mas ficar com quem se ama é melhor, ter a família afetuosa
presente também, ter contato com os amigos, ter afazeres preenche de forma consistente
e produtiva o seu dia.
01 de maio – Cadiz e
Seville
O dia amanheceu lindo. Fui acordada pelo serviço ‘wake up’ do
navio às 6.30, pois finalmente havia descoberto como proceder. Tomei o café da
manhã com calma e fui ao deck 5, para receber a senha. Quando começaram a
chamar os grupos, saí junto, pois percebi que muita gente faz isto. Consegui um
bom lugar no ônibus, que entretanto não adiantou muito, porque o sol estava
contra e assim não foi possível fotografar. Na ida dormi um pouco, a paisagem é
muito uniforme. A viagem foi extremamente rápida, porque hoje é feriado e
praticamente não havia carros na estrada. A auto estrada de Cadiz para Seville
é muito boa, e a distância entre uma cidade e outra é de 125km. Seville é uma
cidade radiante. Muito, muito bonita. Bem arborizada, com prédios históricos em
excelente estado de conservação, amplas avenidas. O bairro de Santa Cruz, que
cruzamos a pé, é uma graça. O bairro de Santa Cruz tem origem judia. As lojas
de artesanato e os cafés ocupam casas pintadas com cal, que enfeitam as ruas e
as belas praças. Seville se considera uma das cidades mais charmosas da
Espanha. É nela que se encontra a terceira maior catedral do mundo cristão. A
catedral realmente é muito impressionante.
Junto a catedral se encontra a torre La Giralda. A impressionante
estrutura lembra a existência de uma mesquita que em algum tempo remoto foi
erigido no local onde hoje está a catedral.
Visitamos o impressionante palácio
‘Reales Alcázares’, com seus belíssimos jardins em estilo renascentista.
Por fim, visitamos a Plaza de Espana, que deixa a gente simplesmente
boquiaaberta. Ela foi construída para a primeira feira internacional de
Seville, em 1929. A praça é um dos lugares favoritos dos sevillenos e tem
fontes, canais e azulejos que representam as diferentes províncias da Espanha.
Na volta, fui passear um pouco em Cádiz. Cadiz fica no sul da
Espanha, em um pedaço de terra que se sobressai na baía. Ela é praticamente
rodeada por água, e se acredita que Cádiz seja a cidade mais antiga da Europa.
Ainda se conservam suas incríveis muralhas, que protegiam e proporcionam a
Cádiz um horizonte como nenhuma outra. O bairro antigo é composto por
pitorescos edifícios, parques e jardins que se entrelaçam nas estreitas ruas e
praças. Cádiz é uma cidade relaxada e tranqüila, e é fácil de explorar. Tem
vários museus, restaurantes e encantadores cafés. Na primavera esta tranqüila cidade festeja um
carnaval que se considera entre os mais importantes e animados da Espanha. Mas
é muito diferente do carnaval do Brasil. Durante 10 dias, as ruas se enfeitam
com pessoas com coloridos disfarces que cantam, dançam e celebram.
Não fiquei muito na cidade. Já a havia visitado a 3 anos
atrás, e depois de uma volta, preferi retornar ao navio. Cádiz é o porto no qual o navio fica o maior
tempo, das 9 hroas da manhã às 24 horas. Como estou sozinha, não tem muita
graça ficar perambulando à noite pelas ruelas da cidade velha, nem sentar para
tomar alguma coisa num café. Preferi ficar no navio, escrever e tratar fotos.
02 de maio – Gibraltar
Gibraltar é um território britânico ultramarino localizado no
extremo sul da Península Ibérica. Corresponde a uma pequena península, com uma
estreita fronteira terrestre a norte. É limitado, dos outros lado, pelo Mar
Mediterrâneo, Estreito de Gibraltar e Baía de Gibraltar, já no Oceano
Atlântico. A Espanha mantém a reivindicação sobre o ‘Rochedo’, o que é
totalmente rejeitado pela população gibraltina.
O nome Gibraltar origina-se na expressão árabe ‘jabal
AL-Tariq’, que significa ‘montanha do Tarique’. A montanha, um promontório
militarmente estratégico na entrada do Mar Mediterrâneo, guarnece o estreito
oceânico que separa a África do continente europeu. O nome é uma homenagem ao
general muçulmano Tariq ibn Ziyad, que no ano de 711 d.C. aí desembarcou,
iniciando a conquista do reino visigótico.
Levantei muito cedo, havia me enganado no horário de saída.
Ainda estava escuro, e estávamos atracando no cais. Fui tomar café no restaurante
do deck 4, e depois ainda tratei um bocado de fotos antes de descer para o deck
5 e pegar minha senha. Retornei ao quarto, e somente desci meia hora antes da
hora marcada para a van sair. O motorista ao mesmo tempo era o guia, e fazia
muitas piadas durante o trajeto. O prometido eram 2horas, mas na realidade
somente andamos 45 minutos, e somente teve duas paradas de 5 minutos cada. O
motorista literalmente nos largou no início do ‘bochicho’ e disse que quem
quisesse voltar ao navio naquela hora, ele o levaria. Não eram nem 10 horas da
manhã, é claro que ninguém queria. Resultado: na hora de retornar, foi
necessário pegar um shuttle de dois euros. Mas enfim, a descida valeu a pena,
pois o centrinho é bem simpático, há muitas lojas e cafés, e finalmente
consegui acessar a internet num bistrô, mandei os emails e fiz os telefonemas
que queria fazer. Gibraltar resume-se literalmente a uma rocha. O aeroporto é
impressionante, pois ele corta uma rua. Qdo um avião chega ou sai, o trânsito é
impedido de passar, o avião pousa ou decola, e aí abre-se o sinal e tudo
recomeça. As ruas são poucas, a cidade espalha-se ao pé da rocha. As ruas são
bem sinuosas. No topo da rocha há macacos mas, como eu não subi a rocha, pois
não estava previsto no programa, não os vi. Mas os passageiros, principalmente
europeus, ficaram falando horas a fio sobre os macacos no retorno.
O dia hoje estava belíssimo, o mar um tapete. Saimos de
Gibraltar às 16 horas, e o mar continua um tapete. Mas está frio: 16 graus.
Quem diria, tão frio, e isto na península ibérica. Desde que o tempo continue lindo deste jeito,
tudo bem. O frio a gente administra.
Hoje é a última noite com roupa formal. Realmente não gosto
destas noites, nas quais temos que nos emperetecar, a mulherada desfile
vestidos deslumbrantes ou não tão deslumbrantes assim, jóias ou bijuteria fina,
e felizmente há cada vez mais mulheres que resolveram se vestir de forma um
pouco menos empolada.
03 de maio – Cartagena
Chegamos em Cartagena às 7 da manhã, depois de uma noite
super tranqüila, pois o mar estava um tapete. Desci no horário previsto, e
entrei no ônibus que constava da minha senha. Achei estranho, porque havia reservado um walking tour mas, enfim,
com tantos americanos que não gostam de andar, pensei que talvez fosse um
walking alternado. Mas não era nada disso. Eu tinha sido orientada de forma
errada, e meu número era 14 ao invés do 7. Realmente o nosso grupo, composto
por 18 pessoas, ficou em pé esperando a hora de sair. Andamos pelo porto, que é
muito bem arrumado, limpo, com uma ampla avenida, calçadas largas e muitas
palmeiras. Fomos para o centro antigo da cidade, que é logo ali, é só preciso
atravessar uma avenida. Andamos pela rua principal do centro antigo e em
algumas outras travessas para olharmos prédios modernistas. A nossa guia não
convenceu. Procurava as palavras em inglês para dar as explicações, e vira e
mexe dizia: vcs podem olhar isto no tempo vago de vocês... que tempo vago? A
nossa caminhada levaria 3 horas, ou seja, até às 12 horas, e às duas fecha tudo
em Cartagena. Simplesmente não haveria tempo hábil para ver coisa alguma mas,
enfim... Achei que a guia estava nos enrolando, e que não havia muito prá ver.
Finalmente fomos no teatro romano, e este realmente é muito interessante.
Fizeram do teatro romano um museu, e a gente passa por um túnel para chegar à
parte aberta. Realmente este passeio foi interessante, apesar de que as
explicações deixaram muito a desejar. Ter pago U$ 49,00 para um passeio que
poderia ter feito sozinha, sem guia, me deixou meio chateada. Depois fomos a um ascensor, para um outro
museu, da época medieval, e de lá tivemos uma bela vista do complexo todo do
teatro romano, assim como da cidade de Cartagena, que me deu a impressão de não
ser muito atraente. No interior do museu não deu prá tirar fotos porque a guia
não parava, aparentemente estava com pressa de se livrar do nosso grupo. No
final, ela nos deixou na avenida que cerca o porto, e cada um fez o que bem
entendeu. Eu passei novamente pelo centro antigo, procurei um lugar wifi free,
e encontrei uma chocolateria, onde tomei um chocolate gostoso. Apesar do sol,
na sombra faz frio, e hoje não passou dos 20 graus.
À tarde fiquei no navio. Em Cartagena estava tudo mesmo fechado, e o vento que subiu depois das 14 horas estava cortante. Nem no espaço externo do navio deu prá ficar, de tanto vento que havia, e isto com o navio parado.
À tarde fiquei no navio. Em Cartagena estava tudo mesmo fechado, e o vento que subiu depois das 14 horas estava cortante. Nem no espaço externo do navio deu prá ficar, de tanto vento que havia, e isto com o navio parado.
Passei o restante da tarde tratando fotos e escrevendo este
texto.
04 de maio – Palma de
Mallorca
Palma de Mallorca é a capital da Ilha de Mallorca e está
localizada na parte sul da costa desta ilha. É a principal referência cultural
e econômica da ilha. Recentemente, foi eleita como o ‘melhor lugar da Espanha
para se viver’.
Nos últimos tempos a cidade se modernizou mas, mesmo assim,
Palma soube manter o encanto e o sabor próprio da sua cultura e da sua
tradição. A parte antiga de Palma estende-se desde a catedral, por várias ruas
pertencentes a esta mesma parte antiga, rodeadas por mansões e edifícios
singulares. A melhor maneira de apreciar a parte antiga de Palma é a pé,
usufruindo e admirando as pequenas praças que enfeitam o lugar, os parques, os
bares onde se pode apreciar as tapas... Mesmo assim, eu resolvi fazer um tour
de ônibus, para ter uma visão mais ampla de Palma.
Em Palma vivem cerca de 325000 pessoas, sendo esta a
população permanente, uma vez que, durante o verão, esta população duplica,
podendo por vezes triplicar!
Palma é um destino turístico muito solicitado e popular,
sendo uma mistura de tradição e modernidade.
Algumas das principais atrações de Palma de Mallorca incluem
o Palácio Real, o Edifício da Bolsa, o Castelo de Bellver e a espetacular
Catedral, com uma das mais finas linhas góticas do mundo, ficando localizada
próximo do porto.
O dia amanheceu com pesadas nuvens, e achei que fosse chover.
Quase não se via a cidade de Palma de Mallorca, e o dia prometia ser meio
cinzento. Estava frio, mas não tão frio quanto em Cartagena, ou seja, 18 graus.
O porto de Palma de Mallorca é super bem preparado e equipado
para receber grandes transatlânticos. Para chegar aos ônibus, anda-se numa
espécie de plataforma, toda coberta.
Para o dia de hoje, reservei o city tour, pois pensei que ele fosse se
concentrar na parte antiga da cidade. Para minha surpresa, a primeira coisa que
fizemos foi ir ao castelo Bellver, um antiqüíssimo castelo, que também foi
usado como prisão por algum tempo. O general Franco lá esteve preso, e preciso
dizer que esta foi uma prisão de luxo, com uma fantástica vista, bom ar, e o
castelo está em bom estado de conservação. Mas já havia ali prisioneiros na
época de Napoleão, pois vimos uma inscrição muito antiga com ‘vive la
Napoleon’.
Hoje o castelo abriga um museu. Quando de lá saímos, o dia já
tinha clareado e havia um belo sol.
Andamos por belas avenidas com lindas mansões, fomos ao anfiteatro para
o espetáculo de touradas, e muita gente foi em uma loja em frente para comprar
pérolas de Mallorca. Depois, fomos à catedral, que realmente magnífica. Por
fim, andamos um pouco pela cidade antiga, e a guia deu um tempo para que as
pessoas pudessem comprar ‘regalos’.
No navio almocei, conversei animadamente com um casal de
puertoriquenhos, e em seguida fui à cabine, pois chegara a hora de fazer as
malas.
Como estas duas semanas passaram rapidamente. É inacreditável
que amanhã já estarei em Barcelona, para a terceira etapa deste roteiro ‘três
em um’. Tive muita sorte com o tempo nesta segunda fase, pois não choveu
nenhuma vez. Fez frio, havia vento, mas sempre com sol.
Esta viagem foi uma experiência única, pois a fiz sozinha.
Como já mencionei antes, há prós e contras. O principal ‘contra’ é o fato de
não haver interlocutores constantes, e como estava sozinha não fui ao show
nenhuma vez, não fiquei nos bares e nos espaços de dança do navio, não usufrui
das atividades que o navio oferece. Mas não posso dizer que senti falta. O
‘pró’ foi que curti todos os dias, e gostei bastante de ser totalmente dona de
meu nariz. Não senti solidão, o que é diferente de estar sozinha. Sempre estava
na companhia dos meus pensamentos, das minhas leituras, de boa música e, nos
últimos dias, assisti a um ou outro programa da TV.
5 de maio – Chegada em
Barcelona
Chegamos
antes das 6 da manhã. Levantei tranquilamente, terminei de arrumar meus
pertences e fui tomar café. Às 8 horas fui para o deck 5, ainda esperei 15
minutos e depois desci. O terminal de Barcelona é fantástico, tudo funciona, as
malas vem em esteiras, tudo é amplo, arejado, não há correria. Em 10 minutos
estava do lado de fora. Teoricamente teria que esperar 40 minutos pelo transfer
mas, para minha surpresa, ele chegou logo depois. Um mercedão preto último
tipo, super confortável, com um gato espanhol como motorista. Me senti uma
verdadeira rainha, rsrsrs. Mas a alegria durou pouco. Quando cheguei no hotel,
soube que a reserva tinha sido cancelada, e que não havia vaga. Como é que pode
ter sido cancelada a reserva? E por quem? Por nós com certeza não foi. O rapaz
da recepção até que foi gentil e tentou outro hotel prá gente. Isto felizmente
foi possível, e perguntei se poderia esperar no lobby até a chegada do Ronald,
para que então, juntos pudéssemos ir ao novo hotel, o que foi permitido. Aproveitei
o tempo para postar fotos e escrever o blog.
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