terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Visita a Terezín - gueto judeu a partir de onde os judeus eram deportados para os diferentes campos de concentração.

Por nossa própria escolha, optamos por conhecer hoje Terezín, um gueto judeu de 1941 a 1945, quando pessoas judias, de qualquer idade, eram enviadas e onde residiam antes de serem enviadas aos diferentes campos de concentração existentes na Europa.
O dia amanheceu esquisito. Neblina e frio, muito diferente de ontem, quando o dia estava com uma luminosidade estonteante. Nos arrumamos, tomamos café e ficamos esperando por Tomaz, que seria nosso guia que fala português. Saímos, e o trânsito estava pesado, o que também diferia do dia anterior. Finalmente conseguimos sair da cidade e fomos em direção ao Noroeste, onde fica o vilarejo de Terezín (Theresienstadt). 
Muita neblina, os campos com intensa geada, - 3 graus. Terezín fica a 70 km de Praga. O trajeto foi tranquilo, com pouco tráfego.






Entramos por uma estrada secundária, e rapidamente chegamos  à fortaleza maior, na qual se encontra o gueto judeu. 
A primeira impressão, e que se manteve por todo tempo, foi de uma cidade fantasma, um sentimento de opressão, de sufoco, uma energia pesada, muito pesada. A paisagem e o tempo contribuíram para reforçar esta sensação de desolamento, de abandono e de muita dor. Andamos até o Marktplatz e Tomaz nos explicou como era constituído este gueto, que era auto-governado pelos judeus aí residentes, e que não podiam sair da cidade. Eram prisioneiros dentro da fortaleza, apesar de poderem se movimentar pelo gueto. Havia escola, onde os meninos estudavam.
Vimos alguns desenhos e poemas escritos pelas crianças - de cortar o coração. 











 
À medida em que Tomaz ia nos explicando o funciona mento deste local, ficávamos cada vez mais silenciosas e introspectivas. Os sorrisos haviam sumido dos nossos rostos, mas o pior ainda estava por vir.
Seguimos para a fortaleza pequena, onde esperava uma guia filipina que nos acompanhou por uma hora explicou o funcionamento desta prisão, que já existia 
antes da segunda guerra mundial e que foi usada para judeus e para políticos. 
Como toda prisão, horrorosa... Os ambientes para dormir muito semelhantes aos dos campos de concentração. De 60 a 400 pessoas num só quarto, em condições precaríssimas.














Não há palavras que possam descrever este horror. E do lado, somente separados por um muro, as residências confortáveis com seus jardins e até piscina para os comandantes nazistas e suas famílias.
De embrulhar o estômago. Vontade de vomitar. Um mal estar muito grande.
No final, chegamos ao campo de tiro onde, além de treinos militares, judeus eram executados. Havia até uma forca.
O comandante nazista mais cruel daquele lugar foi julgado e depois preso nesta fortaleza pequena, em cela individual, e em seguida enforcado. 
Ainda pouco para pagar por todos os seus crimes, por toda a sua crueldade, por todo o indescritível sofrimento pelo qual fez passar os judeus. 
Saímos de lá consternadas. Não conseguíamos nem falar. 
Tomaz então nos levou ao museu do gueto judeu. Ver a exposição de desenhos originais das crianças judias naquele lugar mexeu demasiadamente. Desenhos de esperança, de um mundo melhor, de um mundo em paz. 
Quase todas as crianças que passaram por Terezín, assim como seus professores, foram dizimados nos  campos de concentração. 
Retornamos a Praga em silêncio, cada qual envolta nos seus pensamentos. Somente pouco a pouco a conversa voltou a fluir, e Tomaz nos contou um pouco dos horrores e da infinidade de mortos e torturados durante o período de 41 anos do comunismo. 
Será que a humanidade é incapaz de aprender ? 


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