terça-feira, 18 de abril de 2017

E o que falar de Tbilisi?

O que falar de Tbilisi? Quando chegamos ontem à noite, depois de um voo de uma hora de duração pela Air Azerbaijan, teríamos feito o check out rápido se uma policiazinha ridícula ( depois de já termos passado pela polícia federal), ávida de poder, se achando a tal, não tivesse nos parado com aquele ar blasé único de funcionariozinhos que se acham os donos do mundo. Começou a fazer perguntas. Quem somos? De onde viemos? Por onde passamos? Para onde vamos? Para quê? Por quê? Por quanto tempo? Brasil? Como assim? O que viemos fazer em Tbilisi? E assim por diante.  Olhou nossos passaportes, devagar, página por página, analisando cada carimbo...Ronald, de tão cansado, já fazia de conta que não entendia as perguntas. Eu, mais paciente, fui respondendo e, quando quis perguntar qual era o problema afinal, ela nos liberou, não antes de conversar com alguém num interfonezinho ridículo que manuseava... aí percebi que Ronald estava no seu limite, que se o interrogatório tivesse continuado, teria  estourado. Coitada da nossa guia Anna, que não entendia nossas caras zangadas e estressadas...

No hotel, o stress continuou... sem internet no quarto! Como assim, num hotel de categoria, não haver internet no quarto? Isto hoje em dia é básico, meu bem, como sabonete, papel higiënico e shampoo!!! O jeito é não reservar mais hotel sem internet, caramba... não é nem pelo custo....é pelo princípio: hotel bom tem que ter internet no quarto e ponto. Acho que a atendente ficou impressionada com nosso nível de indignação que resolveu liberar a internet. Estou agora sentada confortavelmente no quarto do hotel, escrevendo o post e apreciando a paisagem da janela. 



Ainda não superamos o jet lag. Ronald está melhor do que eu, que somente adormeci depois das 3:30, e às 7 já estávamos em pé. 

O dia foi exaustivo. Walk Tour. 7 horas. Não é pra qualquer um, pois haja escadarias e subidas...não foi à toa que Anna perguntou se tudo bem subidas e escadarias. Heroicamente respondemos que sim, mas não imaginávamos que fossem tantas, e por 7 horas a fio.

To achando que não tenho mais pernas, e sim dois tocos, de tão duros que meus músculos estão. Haja pilates e fisioterapia pra soltar todos os nós...


Tbilisi é cortada pelo rio Mtkvari. A  Praça Rustaveli fica bem no coração da cidade, com avenida de mesmo nome, com suas muitas lojas, restaurantes, bares e edifícios bem cuidados de arquitetura principalmente do século XIX. Do lado esquerdo da avenida fica a Casa da Ópera e Ballet de Tbilisi, em estilo semi-mourisco. Logo mais adiante está a Igreja Kashveti, fundada no começo do século XIX e cujo nome vem da combinação das palavras “rocha” e “nascimento”.





Diz a lenda que uma moça acusou o monge David de Gareja de tê-la engravidado e, para provar sua inocência, o religioso profetizou que ela daria a luz a uma pedra. E assim aconteceu. Lendas à parte, esta igreja é um bom exemplo da arquitetura clássica das igrejas ortodoxas georgianas e tem belos afrescos pintados pelo georgiano Lado Gudiashvili. Ao fundo é possível apreciar um pequeno parque com várias estátuas interessantes. Ainda na mesma avenida do outro lado da rua, está o gigantesco prédio que abrigava o parlamento do país – este foi transferido para Kutaisi, a segunda maior cidade georgiana. E também há o prédio da ópera e o museu nacional, que fomos visitar.

Iniciamos o dia visitando uma igreja...aliás visitamos várias igrejas...haja igrejas nesta cidade...no topo de uma colina. Depois descemos, e fomos para a old town de Tbilisi. Ponha old town nisso. Não sei dizer o que sinto ao ver esta profusão de casas caindo aos pedaços, com suas varandas charmosas, muitas em estilo art noveau. Tbilisi sofreu vários terremotos, além da invasão russa, que além de detonar com as igrejas e deixar deteriorar prédios e casas lindíssimos, ainda carrega na sua conta 880 mil mortos, de um total de 4 milhões de georgianos. Tbilisi nunca mais conseguiu recuperar o seu bairro histórico, e hoje a old town virou uma forma de estilo de vida pois, por mais inacreditável que seja, é possível encontrar lojas, pequeno comércio, moradores e frequentadores de praças entre os escombros. É uma sensação muito estranha passar pelos escombros ever que ali pulsa vida!



Sobe escada, desce escada, sobe morrinho, desce morrinho...por aqui não tem rua plana? E, enfim,  chegamos na Market Street. Achei que fosse rua do mercado mas qual nada! São duas ruas salpicadas de restaurantes e lojinhas, muito charmosinho. Entramos em vários caravansarai- devo ter vivido em algum deles em outra vida- de tão familiares que me parecem... entramos em mais algumas igrejas para apreciar os afrescos e ícones, e finalmente Bacho, nosso motorista, veio nos libertar desta pernada sem fim para nos levar ao teleférico. Subimos, apreciamos a vista, e retornamos, pois ainda queríamos ver a exposição sobre o período russo o Museu Nacional.


















A exposição nos deixou indignados-mais uma vez- com o dito comunismo! Como é que ainda hoje em dia podem existir pessoas que comungam das mesmas idéias? O estrago foi tão incomensuravelmente grande, fico sem palavras com o sofrimento causado a milhares e milhares e milhares de pessoas inocentes. 





 

Chegamos no hotel exaustos. Ronald foi tirar um cochilo, e eu escrever o post. Precisamos descansar um pouco, antes de nos embrenhar pelas ruelas para apreciar a cozinha georgiana e os tão comentados vinhos. 


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