quinta-feira, 28 de maio de 2015

Controle de fronteira: um exercício de paciência!


A Trans-Siberian Railway é freqüentemente associada com a principal linha russa transcontinental que conecta centenas de cidades grandes e pequenas  da Rússia.  Em 9.259 quilômetros (5.753 milhas), que mede um recorde de sete fusos horários, tendo oito dias para completar a viagem, é o terceiro mais longo serviço contínuo único no mundo. A principal rota do Trans-Siberian Railway começa em Moscou em Yaroslavsky Vokzal , atravessa Yaroslavl , Chelyabinsk , Omsk , Novosibirsk , Irkutsk , Ulan-Ude , Chita e Khabarovsk a Vladivostok via sul da Sibéria. A segunda rota principal é o Trans-Manchurian. Este é a menor e mais antiga rota ferroviária para Vladivostok. A terceira principal via é a Ferroviária Trans-mongol. Nosso trajeto é nesta terceira via, de Ulan Ude a Ulaan Baatar, na Mongólia. Em 1991, uma quarta via correndo mais ao norte foi finalmente concluída, depois de mais de cinco décadas de trabalho esporádico.  

Levantamos super cedo e, no horário combinado, fomos à estação ferroviária. O trem já estava a postos, e em arcamos imediatamente. É um trem mais novo do que o anterior que pegamos, as cabines mais bem equipadas, os assentos mais agradáveis, há até aquecimento e ar condicionado. 


Acomodamos nossa bagagem e, às 7:24, o trem iniciou, vagarosamente, a sua trajetória. Muito lentamente saímos da cidade, cruzamos rios, passamos por vilarejos, e após 6 horas, paramos em um vilarejo para uma anunciada permanência de duas horas para troca de locomotiva e controle de passaportes.  Neste percurso, dormi umas três horas. O balançar contínuo do trem, o tchktchktchktchk constante são um convite para fechar os olhos e descansar. Almoçamos na cabine mesmo. Um farto lunch box fornecido pela agência de turismo contēm comida suficiente para o almoço e o jantar. No nosso vagão há alguns estrangeiros e alguns buryats. Um pessoal tranquilo, não faz barulho, sómhá o ir e vir constante no corredor, de pessoas que vão ao toilet, que vão buscar água quente para um chá (em cada vagão há um sistema de água quente, e aqui bebe-se muito chá), ou vão ao restaurante. Em cada cabine há colchão, travesseiro e cobertor disponível, e trazem roupa de cama e toalha limpa, a ondicionadas em saco de plástico. 












A viagem está senso agradável e tranquila. Divido meu tempo entre dormir, ler e apreciar a paisagem, bucólica e um pouco triste, para o qual contribui o céu encoberto, deixando tudo meio cinza. 

Na divisa paramos. Não pensei que em algum dia, em pleno século XXI, viveríamos uma situação que provavelmente remonta à época do  Regime Soviético. 9 militares entraram no nosso vagão ( o trem agora só tem dois, todos os outros foram remanejados), fecharam as portas, e começaram a controlar cabine por cabine, passageiro por passagiro. Os passaportes foram controlados umas quatro vezes, depois uma militar vasculhou toda a nossa cabine, em seguida pediram para que eu abrisse minha mala, sempre com cara de poucos amigos e mostrando sua total autoridade sobre nós pobres mortais ocidentais. O que é estranho nisso tudo é que estamos saindo do país, ou seja, por quê um controle tão severo na saída? Esta brincadeira, entre remanejar os vagões e controle  durou simplesmente quatro horas, e ainda falta o controle do lado mongol. 







Agora entendo porque levamos simplesmente 22 horas para fazer um trajeto de 500 quilômetros. Na Mongólia, o procedimento para a entrada foi mais rápido que o esperado, ainda bem! A paisagem mudou, as construções também, as feições das pessoas igualmente. Estamos, de fato, em outro país, com outra história, outra cultura e outras tradições.
 






A noite foi como podia ser, num trem, com colchões duros e estreitos. O trem parou inúmeras vezes.  Fomos acordados pela comissåria de bordo às 3:30. Não entendemos nada, uma vez que o horário de chegada em Ulan Bator é às 5:40. Conseguimos entender que tínhamos que tirar a roupa de cama, arrumar a cabine, que foi o que fizemos. Às 4 da manhã! Ninguém merece. Totalmente sonados chegamos em Ulan Bator. Ainda bem que teremos algumas horinhas antes da programação do dia...

Um comentário:

  1. O controle é simples e puramente pelo fato de estar com o poder nas mãos. Um lembrete de que 'aqui' quem manda somos nós. Agora, acordar as 4hs para arrumar o 'quarto' foi ótima hahahaha

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