domingo, 24 de maio de 2015

Enfim, na Sibéria...

A viagem de avião foi difícil. Os bancos não reclinavam, o serviço de bordo durou a viagem inteira de tão lerda que era, alguns passageiros teimaram em deixar suas venezianas abertas, e assim um sol escaldante iluminava o rosto do implacavelmente, somente apagaram as luzes meia hora antes de pousar. Dormir? Nem pensar! Do meu lado estava sentado um rapaz jovem, muito espaçoso, o que me obrigou a encarar a viagem sentada de forma torta, e assim nasceu um leve torcicolo... Enfim, não foi das melhores noites de nossas vidas, rsrsrs. 
Quando chegamos próximos de Irkutsk, havia uma intensa névoa, contrastando com o sol brilhante. O avião pousou, e começou a rodar sobre a pista que não deve ter visto reparos desde a época de Stalin. O avião ainda  estava taxiando para frente e para trás, mas os passageiros não estavam nem aí e começaram a tirar seus pertences dos bagageiros. E as aeromoças não fizeram nada - impressionante. Mas esta é uma impressão que temos: os locais fazem o que querem, não estão muito aí para normas. Há, por exemplo, limites de velocidade, mas correm feito loucos. Param os carros em qualquer lugar, não importa se estão prejudicando o fluxo dos carros, os pedestres ou os carros que estão estacionados corretamente atrás. Já vi carro estacionado no meio da avenida. Não são gentis e algumas vezes falta educação. 
Bom, entramos no hall do aeroporto, e a porta para retirar as bagagens estava fechada. Não sei porque a pressa toda se depois tinha que esperar muito tempo para retirar as bagagens. Eu estava exausta. Não havia dormido um minuto sequer, com dor nas costas pelo desconforto da viagem, louca para dormir, pelo menos um pouco para recuperar as energias. A nossa guia Helena  estava nos esperando com um carregador de mala. Carregador de mala? Pra que? Talvez ela pensasse que estávamos com muitas malas, afinal os brasileiros tem fama de transportar muita bagagem...
Finalmente a porta se abriu, e depois do estouro da boiada, conseguimos pegar as nossas malas.
O carregador as levou para o carro e sumiu. Nem sinal dele. Mas, no hotel, lá estava ele de novo. Mistério... Descobrimos que viajou conosco no porta malas. Pode uma coisa dessas? 
Descobri os que a névoa na realidade é fumaça das muitas queimadas nos bosques no entorno. A fumaça é densa, arde nos olhos e dificulta a respiração. Além disso deixa um cheiro de queimado no ar. Um problema sério pros siberianos resolverem. Apesar da informação de que chove pouco, choveu no final de tarde, o que foi uma benção, pois dissipou um pouco a fumaça, limpou o ar. Esfriou bastante. Num determinado momento, já noite, olhei para fora e achei que tinha neve no chão. Saquei a minha máquina fotográfica, mas achei que tinha alguma coisa estranha: a 'neve' movimentava-se rapidamente rua abaixo. Olhei melhor, e vi que era água com muito detergente, rsrsrs.
Descansamos duas horas no hotel, num sono pesado e profundo, que não foi reparador. Levantamos cansados, ainda exaustos, e iniciamos nosso tour do dia. Igrejas, praças, túmulos, museu de um dos dezembristas (muito interessante). 
































Hoje foi difícil a concentração. Quase dormia em pé. Costas e pernas doendo, constatamos que é sinal da idade. Há 10 anos atrás tiraríamos esta tourada de letra...











Almoçamos às 15 horas, num restaurante aprazível, mas nem isto hoje nos encantava, e fomos dar uma volta no bairro de casas de madeira, que são novas porque as antigas queimaram num incêndio que acabou com 80% da cidade por volta de 1870, não lembro mais da data exata. 
Retornamos ao hotel, deitamos do jeito que estávamos e dormi os o sono dos justos, por duas horas. Como o hotel fica fora da cidade, resolvemos jantar aqui mesmo (Sun Hotel), para dormir cedo. Amanhã iniciaremos nossa rota Transsiberiana. 
Irkutsk foi fundada em 1661 (42 anos antes de São Petersburgo), Irkutsk encontra-se no local do encontro dos rios Angara e Irkuta, que deu nome à cidade, na Sibéria. Ao longo da sua história, Irkutsk exerceu papel do centro comercial, facilitando os negócios entre Rússia e China. Mas no século 19 foi transformada em lugar de exílio.
Hoje, a cidade é um centro cultural, industrial e científico, assim como um dos principais destinos turísticos da Sibéria. A maioria dos visitantes prefere ficar ali por dois ou três dias antes de seguir para o lago mais profundo no planeta, o Baikal, localizado a poucos quilômetros.
Trata-se duma cidade russa, porém está localizada na Ásia. Possui um clima subpolar de taiga. As temperaturas podem ser bastante elevadas no verão e muito baixas mesmo no Verão.
A área metropolitana tem 600 mil  de habitantes.
O jornal “The Economist” afirmou em 2007 que a economia desta cidade é uma das mais estáveis da Rússia. Esta assenta na indústria da madeira, do alumínio e dos minerais. Entre as industrias menos significativas citam-se o chá, a agricultura e o turismo. Também a segunda maior  fábrica de construção de aviões encontra-se aqui.
O melhor local para começar um passeio pela cidade é o cais Níjniaia, um dos lugares mais bonitos de Irkutsk e antigo porto que recebia as embarcações que navegavam pelo rio Angara. De um lado, o cais abre uma vista deslumbrante para o rio e de outro para a Catedral da Epifánia, uma igreja ortodoxa construída no século 18 que também é um dos prédios mais antigos da cidade feitos de pedra.
Uma passagem de pedestres localizada sobre uma rua movimentada dá acesso ao memorial de Vitória, composto por uma esteia central que carrega os nomes dos heróis da União Soviética nascidos na cidade, assim como por uma chama eterna. Na base do memorial encontra-se o posto da guarda de honra, composta pelos estudantes de ensino médio. Na praça ao lado do memorial fica o prédio da prefeitura, chamado de Casa Cinza .
Museu Dezembrista
A rua Dekabrskikh Sobíti (rua dos Eventos de Dezembro, em russo), uma das mais antigas na cidade, recebeu esse nome em homenagem às batalhas entre as Guardas Vermelhas e contrarrevolucionários de 1917. Ela também é famosa pelos edifícios residenciais de dois andares construídos no século 19 que pertenciam às famílias nobres, tais como Volkónski, Golitsin e Trubetskoi.
O museu histórico de dezembristas da cidade é localizado no centro histórico  e é composto de duas residências memoriais abertas em 1970 e 1985. Elas  ficam, respectivamente, nas ruas vizinhas de S. P. Trubetskoi e de S. G. Volkónski.
Os visitantes do museu poderão conhecer os interiores das residências de séculos passados, assim como os artigos pessoais dos membros das famílias de dezembristas. Os principais destaques da coleção do museu são um piano piramidal em funcionamento criado no final do século 18 e uma caixa de música feita na Suíça em meados do século 19 que pertenciam a Maria Volkónskaia.  


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