segunda-feira, 25 de maio de 2015

Um dia inteiro no famoso trem transsiberiano - uma ducha fria!


O Circum-Baikal Railway ( russo : Кругобайкальская железная дорога ou Кругобайкалка, abreviado "КБЖД") é uma histórica ferrovia na região de Irkutsk de Rússia . Corre-se ao longo da costa norte da extremidade sul do lago da cidade de Slyudyanka a Baikal. Até meados do século 20 a estrada de ferro de Circum-Baikal fazia parte da linha principal de Trans-Siberian Railway ; mais tarde, no entanto, uma seção duplicada da estrada de ferro foi construída. Às vezes chamado de um feito único na engenharia,  a Circum-Baikal é um dos pontos turísticos pitorescos da área em torno do lago Baikal .
E põe pitoresco nisso.... Pensei que iríamos pegar um trem mais ou menos nos moldes do Sapsan. Afinal, serão 8 horas de viagem, achei que o conforto seria imprescindível. Mas a realidade é outra: quando o trem chegou, vi que as janelas estavam sujas. Como tirar fotos com janelas sujas e que não abrem???
Entramos no trem. A primeira impressão é de sujeira e aperto. Fomos até a nossa cabine, para quatro pessoas, mal conseguimos entrar. Felizmente esta cabine é só pra gente porque, se tivesse mais duas pessoas, estaríamos em maus lençóis. Arrumamos nossas coisas do jeito que deu, e sentamos. Cruzes! Que bancos duros e desconfortáveis. E é assim que viajaremos por oito horas.  Não quero nem ver o banheiro...Me sinto quase como em filmes ambientados na Sibéria, em meados do século XX, rsrsrs. Rumo ao desconhecido, com vizinhos estranhos em outras cabines que pigarreiam, tossem, emitem barulhos estranhos... Bem vindos à Sibéria! 








Rapidamente percebemos que nossa cabine fica para o lado errado. Ou seja, não teremos o lago Baikal do nosso lado. 
Outra coisa que descobrimos é que no bilhete está escrito o horário de Moscou, assim como no painel da plataforma. Isto acontece com todos os trens. Os horários estão sempre pautados  no horário de Moscou, ignorando que a Russia tem 11 fusos. É preciso prestar uma tremenda atenção e claro, saber sempre qual o fuso da região.  
Devagar e sempre, o trem avança, subindo lentamente, ladeado de muitos bosques e vez ou outra algum vilarejo. Ao longo do lago Baikal, há montanhas com os cumes ainda com neve. A paisagem é é bonita, e é possível apreciá-la devagar, ao som sempre igual do rttrttrttrttrtt do trem. 
Este ritmo vez por outra é quebrado pelo aspirador de pó que a funcionária do trem teima em usar. Ao longe, toca um rádio,e ouve-se conversas abafadas.  Um sr. de meia idade tenta entabular uma conversa em russo com Ronald, fala sem parar, até Ronald resolver voltar à cabine, porque o monólogo era inútil.














Pra dizer a verdade, a viagem não foi tão ruim assim. Depois de termos passado o lago Baikal, que vimos sentados no restaurante tomando chá ( e Ronald cerveja), deitei no banco duro da cabine e adormeci. Dormi o sono dos justos, recuperei os atrasados.  Num país com 11 fuso horários, exposta a variações de horário constantes, ora para frente, ora para trás, e tudo em curtíssimo espaço de tempo, o organismo se ressente e o metabolismo fica bagunçado. A diferença agora para o Brasil é de 11 horas. Dormir no trem   foi  ótimo, porque agora me sinto revigorada e bem disposta. A paisagem era sempre a mesma, de muitos bosques entrecortados por vilarejos, portanto não perdi nada.
Ficamos atentos à descida do trem, porque ninguém avisa e o nome no letreiro é incompreensível. 
A nossa guia, uma senhorinha buriata estava nos esperando. Ainda bem que o motorista estava com ela e carregou nossas bagagens, porque haja escadas para sair da estação. Como estávamos em horário de pico, havia muito trânsito. É esquisito isto: estamos nas entranhas da Siberia, e enfrentamos engarrafamento. 
Quando chegamos, estava quente, mas o tempo mudou: chuviscou e esfriou. Aqui no inverno chega a - 50 graus, e no alto verão a + 45. Espero que não esquente muito, não trouxe roupa para altos calores. 
Nosso hotel é bem central, na recepção falam inglês. É um hotel quatro estrelas, onde Putin pernoita quando visita a cidade. A de oração é clássica e estilosa. Aqui na Russia é engraçado, pois os russos começam a falar conosco em russo, e não tem problemas com isto. Tem certeza que de alguma forma iremos entendê-los, e via de regra acabamos, de uma forma ou de outro, descobrindo vagamente o que nos querem dizer. 

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