sexta-feira, 18 de abril de 2014

Ímpetos instintivos de esganar alguém...

Iniciamos, hoje, nossa viagem a Portugal e Espanha. Serão 10 dias nos quais Ronald andará de moto com mais três pessoas, sendo uma dos Estados Unidos e os outros brasileiros. Na realidade são quatro casais, mas eu não andarei na garupa, acompanharei numa van que transporta a bagagem.  Depois, iremos para a Ilha dos Azores, conhecer esta ilha que dizem que é o que há de mais típico de Portugal. 
Saímos de casa cedo, prevendo um trânsito intenso em função da véspera de um longo feriado. Realmente no início estava muito intenso, de tal ordem que cheguei a ficar preocupada em não chegar em tempo. Depois o trânsito amenizou, e chegamos de forma relativamente rápida ao aeroporto. Tentamos um lugar na emergência ou na primeira fileira, sem sucesso. Teríamos que ficar sentados nos nossos lugares na ultima fileira do avião. Até agora não entendi direito como isto foi acontecer. Compramos as passagens há meio ano, a informação era a de que os lugares na emergência estavam garantidos, e agora não somente não estávamos com lugares na emergência mas também estávamos na ultima fileira! Do lado dos banheiros e na frente da cozinha! Imaginava que isto seria ruim, mas nem de longe imaginava que fosse ser tão ruim, tão desastroso, tão desagradável...
Sentamos na esperança de não haver ninguém no assento do meio, mas ledo engano. Uma senhora, com dimensões bastante avantajadas, sentou-se no meio, ocupando não somente o seu espaço como ainda um tanto do meu espaço. Paciência! 
O avião decolou no horário previsto, e logo percebemos que no fundão o avião balança mais, que há uns barulhos meio esquisitos que desconhecíamos. 
Logo depois, foi servido o jantar, que demorou uma eternidade, pois fomos os últimos a serem servidos. Além de sermos os últimos, não havia mais opção de escolha, e nos serviram  um peixe que estava horrível, além de frio.Só comi o arrozinho frio que acompanhava o peixe e dois pãezinhos esturricados e borrachudos. Comecei a ver um filme, depois outro. O movimento para o banheiro aumentava, e o som da descarga nos acompanhou num ritmo quase monótono, a cada dois minutos... Puxa a descarga de um lado, depois do outro, às vezes simultaneamente. O prenúncio da descarga era o barulho do fechar da porta, e depois dela,mais uma vez: claac, e a pessoa saía do aperto  do

banheiro e dirigia-se ao seu assento, não sem antes esbarrar no meu ombro, na minha perna...e aí tudo começava de novo: primeiro esbarra, depois o claac, uns minutos em silêncio, novamente claac, e por fim novo esbarramento. E isto a noite inteira. Fora a luz forte toda vez que se abria a porta do banheiro, e o cheiro característico quando um banheiro é usado por muita gente.
Algumas pessoas não se contentavam com este ritual. Ainda ficavam na cozinha batendo papo, dando risada, contando causos, claro que tudo em alto e bom som, para que ninguém perdesse nadica da conversa. 
Comecei a sentir que meus nervos estavam começando a ficar abalados. Procurei abstrair, mas a gana de esganar alguém foi teimosa, e durou algum tempo, ou melhor, até decidir que eu não iria dormir mesmo e o melhor era me distrair. Resolvi escrever, e foi o melhor o que pude fazer. A maratona continuava, chego à conclusão que ir ao banheiro em avião é distração... E agora acrescido de sonoras gargalhadas da senhora que estava sentada entre a gente, assistindo a um filme. Preciso ver que filme é este, pois gargalhar deve ser uma ótima válvula de escape...
Chegamos bem em Lisboa. Dia claro, sol, de manhãzinha 13 graus. No hotel não dá pra fazer check in, somente às 14 horas. São intransigentes. 
O negócio é abstrair e aproveitar o dia, apesar do cansaço e do bagaço....



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